O Poder Da Viola (RODEIO 75029) - (1980) - Pardinho e Pardal
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O Poder Da Viola
Eu vou contar uma história bem na presença de Deus
Diz que foi em Pernambuco que este fato aconteceu
Um casal tem uma filha presente que Deus lhe deu
Passaram quase dois anos depois que ela nasceu
Pobre mãe que tanto ama amamentou e posÂ
Na cama e a menina adoeceu
Já era tarde da noite e o casal se recolheu
Lá na alta madrugada a menina estremeceuÂ
Coitadinha chorou tanto, mas ninguém não atendeu
Quase no romper do dia que sua mãe percebeu
Viram que não era manha muitas picadas de aranhasÂ
Que a menina recebeu
O casal apavorado nessa hora levantou
A perninha da menina envenenada logo inchou
Foi um momento tão triste não teve quem não chorou
Levaram ela correndo na casa de um benzedor
Chegou numa padiola benzida a toque de viola
A menina melhorou
Eles levaram a menina pra benzer só três dias
O veneno quis matar r a viola combatiaÂ
O toque da violinha o veneno não resistia
A viola é poderosa, benzedor assim dizia
Só quem viu acreditou a menina se salvou
E ficou forte e bem sadia
Essa história foi escrita por um escritor do norte
Contra o veneno da aranha a viola dá o bote
O seu pai disse feliz eu sou um home de sorte
Deu um beijo na menina e um abraço muito forte
Só você que me consola Deus abençoe a viola
Que salvou você da morte
Campeão Do Pealo
A gente quando é criança aprende aquilo que vê
Meu pai era boiadeiro eu também queria ser
Com sete anos de idade já comecei aprender
Laçando alguns bezerrinhos na hora de recolher
Cheio de satisfação meu pai pegava à dizer
Este menino à cavalo vai ser o campeão do pealoÂ
No dia em que ele crescer
Quando foi um certo dia a minha mãe teve ciúme
Meu filho não lida mais seu pai e os peões que se arrume
Se você formar prá doutor um grande cargo assume
Não fica um peão jogado no campo e pelos batume
Vou te botar de castigo se acaso você não aprume
Se um dia eu te ver jogado seu pai vai ser o culpadoÂ
Por não tirar seu costume
Uma dia eu fugi de casa varando o sertão adentro
Me ajustei com um boiadeiro por nome João Nascimento
fomos buscar uma boiada pras banda de Livramento
O boiadeiro dizia que eu era de bom talento
Não falo por ser gabola e nem por convencimento
Jogava o laço no escuro e notava o marruá seguroÂ
Pelos rangidos dos dentes
Depois que eu saà de casa passou dez ou mais
Eu fui buscar uma boiada lá no sertão de Goiás
Quando eu cheguei no Rio Grande a enchente tava demais
Ali tinha uma boiada com dez peões e capazes
Quando o rio foi abaixando a balsa encostou no cais
A boiada pulou n'água e o peão nesta hora amarga jogou seu burrão atrás
O burro estava cansado não agüentou a correntezaÂ
O peão gritou por socorro eu acudi com destreza
Fiz três rodias no laço joguei com toda certeza
Lacei pro meio do corpo não sei se foi por proeza
Ao trazer ele na praia foi grande a minha surpresa
O peão gritou surpreendido me abrace filho querido
Você foi minha defesaÂ
Vingança Do Boi
Um ricaço fazendeiro pra bandas do Tietê
Tinha uma filha bonita mais linda que a flor do ipê
Quando ela ia no pasto dava gosto a gente vê
O gado lhe rodeava suas mãos vinha lambe
Se um bezerro adoecia de tudo ela fazia, ai
Pro bichinho não morrer
O capataz da fazenda por ela tinha paixão
E muitas vezes tentou ganha o seu coração
E ela sempre com jeito lhe respondia que nãoÂ
Quando foi um certo dia ele fez uma traição
Querendo aproveitar dela matou a pobre donzela, ai
Sem dó e sem compaixão
Na fazenda tinha um boi que a moça tinha criado
Com leite de mamadeira por ser bezerro enjeitado
Para despistar seu crime aquele homem malvado
Deixou o chifre do boi de sangue avermelhadoÂ
Foi falar com o patrão que seu boi de estimação, ai
Sua filha tinha matado
O fazendeiro chorando a morte da filha amada
Mandou depressa os peões buscar o boi na invernada
O boi entrou na mangueira cercado pela peonada
Pressentindo sua morte virou uma fera acuada
Igual felino sagas investiu no capataz, ai
Lhe dando várias chifradas
Pra salvar o capataz a peonada correu
E ele agonizando contou tudo o que se deu
O que ele revelou a todos surpreendeu
Nas derradeiras palavras foi este o pedido seu
Não matem o pobre boi que Deus no céu me perdoe, ai
Quem matou ela fui eu
O Castigo
Nesses versos vou contar mais uma história de um ricaço
Que apesar bem rico também teve o seu fracasso
Quando um pobre ia pedir lá no seu portão de aço
Respondia hoje não tem, ai, ai, ai, ai, lá de dentro do terraço
Sendo ele um homem rico nunca, nunca fez o bem
Ele nunca deu esmola e nem pousada pra ninguém
O castigo nunca falta mesmo tarde sempre vem
Sua vida se arruinou, ai, ai, ai, ai, foi na miséria também
E vivia pela rua todo sujo esfarrapado
Parecia um cão se dono pó este mundo jogado
E morreu de fome e frio pagou caro seus pecados
E morreu sem um socorro, ai, ai, ai, ai, ele Fo bem castigado
Hoje está no cemitério num buraco bem no fundo
Lá bem longe dos ricaços numa quadra lá no fundo
E na campa escreveram quem está aqui é um vagabundo
Que morreu e já foi tarde, ai, ai, ai, ai, não faz falta para o mundo
Pai Sem Coração
Foi lá na alta paulista que este fato aconteceu
Um lavrador certo dia seu mantimento perdeu
Oitocentos mil cruzeiros foi o quanto recebeu
Quando ele veio de volta construindo o plano seu
Pois o dinheiro na mesa e contando se entreteu
Sua filha de três anos ali perto foi chegando
Fazendo agrado pra ele contente foi perguntando
Pra que serve esses papeis que o senhor está juntando
Isto é pra por no fogo foi o que ele foi falando
Nesta hora lá porta ele ouviu alguém chamando
Pra ver quem estava chamando bem depressa levantou
O dinheiro esparramado ali na mesa deixou
Quando ele veio de volta sua filhinha falouÂ
Papaizinho eu já fiz o que o senhor mandou
Já pus no fogo os papeis que aqui na mesa ficou
Este homem naquela hora perdeu a sua noção
Como um louco pegou a filha ali mesmo no fogão
Queimou as suas mãozinhas na mais triste judiação
Com as mãozinhas queimadas ele pedia o perdão
Eu nunca mais faço isso paizinho do coração
A pobre mãe ficou louca este homem foi pra prisão
Pra pagar o seu pecado a sua imaginação
Perder a sua filhinha fazendo reclamação
De porta em porta esmolando um pedacinho de pão
Mostrando as mãos alijadas pro povo ter compaixão
Laço Justiceiro
Tempo que eu fui boiadeiro foi um tempo divertidoÂ
Mas eu tenho uma passagem que não sai do meu sentidoÂ
Certo dia viajando pela estrada distraÃdoÂ
Um bom dinheiro eu levava de um gado que foi vendidoÂ
Na hora que eu dei por fé o dinheiro eu tinha perdido
Dois meninos inocentes por ali iam passandoÂ
Com almoço pro seus pais com certeza iam levandoÂ
Acharam aquele dinheiro contente foram guardandoÂ
Quando me viram na estrada estavam me procurando
De bom gosto os coitados o dinheiro foram me entregando
Quando eu peguei o dinheiro nem sei como agradeciaÂ
Gratifiquei o menino porque ele bem mereciaÂ
Quando eu dei o dinheiro teve um sujeito que vinhaÂ
Dali eu segui viagem, mas daquilo não esqueciaÂ
O que ia acontecer meu coração pressentia
Quanto mais eu viajava mais ficava contrariadoÂ
Resolvi voltar pra trás pelo destino mandadoÂ
Palavra que até chorei ver o que tinha se dadoÂ
O ladrão matou o menino e o dinheiro tinha roubadoÂ
Outro inocente chorava no irmãozinho abraçado
Numa altura do caminho aonde eu pude avistar
O malvado assassino correndo pra se livrarÂ
Risquei meu burro na espora e dei encima pra pegarÂ
Numa cerca de arame quando ele quis atravessarÂ
Eu lacei este bandido como laça um marruá
Dali pra delegacia levei o tal amarradoÂ
E o menininho morto nos meus braços carregadoÂ
Levei o seu irmãozinho pra provar o que foi se dadoÂ
O meu laço justiceiro entreguei pro delegadoÂ
Pra servir de testemunha daquele triste passado
Goiano Valente
Arriei o meu burrão que tinha o nome de cigano
Eu saà cortando estrada de madrugada fazendo plano
Eu já tinha combinado pra ir roubar a filha de um goiano
Levei meu trinta na cinta do cabo branco e um palmo de cano
O goiano era um perigo que dava medo a toda gente
Não enjeitava parada ele era mesmo um homem valente
Não tinha medo de nada até parecia ser uma serpente
Eu tinha toda certeza iria ser mesmo um tempo quente
Eu cheguei na casa dela de madrugada estava garoando
Ela me beijou sorrindo de alegria estava chorando
Joguei meu bem na garupa com aquela flor voltei galopando
A gente da minha casa preocupada estava me esperando
O goiano quando soube bateu em cima me procurando
Trazendo uma baita lapeana e pela estrada vinha riscando
Logo vieram avisar pra ter cuidado com o tal goiano
Que vinha que nem boi brabo até sua sombra vinha insultando
Quando avistei o goiano eu fiquei firme na minha defesa
Ele parou em minha frente até tremia de tanta brabeza
Chegou pra bem perto de mim e foi falando com delicadeza
Eu acho melhor assim casando fugido é menor a despesa
Alguém É Bobo De Alguém
O que eu chorei por ti dá um oceano
De lágrimas perdidas em solidão
Acreditei em ti, foi um engano
Porque lhe ofereci meu coração
Alguém é sempre bobo de alguém
Quando amor não há entre os dois
Um dia me passaste para trás
Não quero mais ser bobo meu bem
Talvez fosse melhor se eu te esquecesse
Se estou longe de ti quero voltar
Seria bem melhor se eu pudesse
Fugir do amor que só me faz chorar
Alguém é sempre bobo de alguém
Quando amor não há entre os dois
Um dia me passaste para trás
Não quero mais ser bobo meu bem
Um dia lembrarás deste que chora
Virás pedir chorando meu amor
No dia que alguém te der o fora
Vais me pedir que volte por favor
Alguém é sempre bobo de alguém
Quando amor não há entre os dois
Um dia me passaste para trás
Não quero mais ser bobo meu bem
Amor De Ninguém
Escuta querida o que estou dizendo
E vá escrevendo no livro da vida
E nunca se esqueça que arrependimentoÂ
É o maior tormento pra quem está vencida
Aquele caminho que você seguiaÂ
Sem pensar um dia deixou para traz
A encruzilhada que está muito perto
O caminho certo não encontra mais
Por sua vontade se atirou na lama
O seu triste drama eu sei compreender
E satisfazendo seus grandes desejos
Vendendo seus beijos pra poder viver
Hoje é um farrapo que vive na rua
A grandeza sua foi para o ale além
Hoje você passa ninguém te conhece
Também não merece o amor de ninguém
Onde A Saudade Mora
O galo Ãndio cantou já esta chegando a hora
No terreno serenou antes de romper a aurora
Você quer chorar por mim pois então que chore agora
Daqui a quinze minutos meu bem, eu preciso ir embora
Daqui a quinze minutos, eu preciso ir embora
Você quer chorar por mim, oh meu bem pois então que chore agora
Fique aqui em seu quartinho esta tão frio lá fora
Seguirei devagarinho pra onde a saudade mora
Você quer chorar por mim pois então que chore agora
Daqui a quinze minutos meu bem, eu preciso ir embora
Daqui a quinze minutos, eu preciso ir embora
Você quer chorar por mim, oh meu bem pois então que chore agora
Eu a amo loucamente e sei que você me adora
Na falta de um bem ausente geralmente a gente chora
Você quer chorar por mim pois então que chore agora
Daqui a quinze minutos meu bem, eu preciso ir embora
Daqui a quinze minutos, eu preciso ir embora
Você quer chorar por mim, oh meu bem pois então que chore agora
O Poder Da Fé
Naquela tarde de outubro quando o fogo levantou
Lá na mata do pau d’alho a tragédia começou
Conforme o vento batia o fogo logo aumentou
Cem léguas na redondeza todo céu se avermelhou
Do outro lado da mata um caboclo ali morava
Vendo o fogo aproximando sua famÃlia chorava
Aquele sertão bravio em cinzas se transformava
Pra queimar sua casinha um instante só restava
O caboclo por promessa uma vela ele acendeu
Caiu de joelho e rezou logo o trovão respondeu
Era a voz da natureza que o seu pedido atendeu
O céu se cobriu de nuvens na mesma hora choveu
O caboclo ajoelhado do lugar não levantou
Vendo a chuva que caÃa milagre que Deus mandouÂ
Naquele sertão em brasa como o fogo a chuva lutou
Cem metros longe da casa foi onde o fogo apagou
Â
O caboclo por promessa uma igreja levantou
Cumprindo o poder da fé que a sua vida salvou
Quando chega o mês de outubro todo povo em devoção
Faz novena e acende vela na capela do sertão
O Pobre E OÂ Rico
Como vive a humanidade eu cheguei a conclusão
O que a nossa bÃblia diz para não haver distinção
Mas entre o pobre e o rico é grande a separação
Rico vive confortável pobre é sempre castigado pelas garras do patrão
Tem pobre que tem inveja de ver o rico crescer
Quanto mais pó rico sobe mais o pobre vai descendo
Debaixo dos pés do rico é que o pobre vai vivendo
Tem pobre rico papudo o mundo cria de tudo conforme vocês estão vendo
Tem pobre que é malandro e tem rico que só roubou
Este vive arrependido do ato que praticou
A velhice vai chegando porque o tempo já passou
Ele preocupa em deixar no caixão não vai levar tudo àquilo que guardou
Mas tem pobre vagabundo este não quer trabalhar
Vive de braços cruzados esperando o rico dar
Maldizendo a sua sorte reclamando do azar
E tem o feio costume ele tem raiva e ciúme de ver o outro triunfar
Tem o rico que é pão duro e tem o bom de coração
Pobre depende do rico e ninguém vai dizer que não
Mesmo o pobre sendo o certo ele nunca tem razão
Tem uma frase inteligente que o pobre só vai pra frente quando dá um tropeção
Músicas do álbum O Poder Da Viola (RODEIO 75029) - (1980)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
O Poder Da Viola | Moacyr Dos Santos / Tião Do Carro | Moda De Viola |
Campeão Do Pealo | Sulino / Sebastião Victor | Moda De Viola |
Vingança Do Boi | Sulino / José Alonso | Moda De Viola |
O Castigo | Tonico / Arlindo Pinto | Moda De Viola |
Pai Sem Coração | Sulino / Teddy Vieira | Moda De Viola |
Laço Justiceiro | Sulino | Moda De Viola |
Goiano Valente | Piraci / Nenete | Rasqueado |
Alguém É Bobo De Alguém | H. Greenfield / J. Keller - Versão: Fred Jorge | Corrido |
Amor De Ninguém | Augusto Toscano / Mirinho | Guarânia |
Onde A Saudade Mora | Goiá / Oswaldo Caixeta | Balanço |
O Poder Da Fé | José Fortuna | Cururú |
O Pobre E O Rico | Miro Alves / Pardal | Cururú Piracicabano |