A Saudade Do Sertão (CHANTECLER / SERTANEJO PTJ 3016) - (1960) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Saudades Eu Tenho
Saudade que eu tenho do meu benzinho
Tão longe de mim ficou, ai, coitadinho
Saudade que eu tenho do meu benzinho
Tão longe de mim ficou, ai, coitadinho

Não tenho alegria no meu viver, é só padecer
Só tenho a tristeza que me faz sofrer
Não tenho alegria no meu viver, é só padecer
Só tenho a tristeza que me faz sofrer

Saudade que eu tenho do meu benzinho
Tão longe de mim ficou, ai, coitadinho
Saudade que eu tenho do meu benzinho
Tão longe de mim ficou, ai, coitadinho

O meu sofrimento ai, ai não tem mais fim
Tem dó de mim viver separado tão longe assim
O meu sofrimento ai, ai não tem mais fim
Tem dó de mim viver separado tão longe assim

Saudade que eu tenho do meu benzinho
Tão longe de mim ficou, ai, coitadinho
Saudade que eu tenho do meu benzinho
Tão longe de mim ficou, ai, coitadinho

Paraná Do Norte
Sou filho do norte do meu Paraná
Nascido e criado lá em Cambará
Lugar de riqueza, miséria não há
Quem quiser dinheiro é só trabalhar

O paranaense do sul ou do norte
É bem sacudido, é rijo e é forte
Enfrenta o perigo zombando da morte
Cortando madeira ou fazendo transporte

Cornélio Procópio também tem fartura
Sua terra vermelha tem agricultura
Seu povo educado tem muita cultura
Tem cada morena que é uma doçura

Nesta mesma zona não muito distante
Tem outra cidade, futuro gigante
Sua terra se vende a peso de diamante
Seu nome é da história, chama Bandeirante

Em Apucarana chega os boiadeiros
Com gado de corte e gado leiteiro
Fazendo negócios que é muito rendeiro
Levando a guaiaca cheia de dinheiro

Essa zona é boa não é por falar
Só não acredita quem não foi por lá
Aqui tão distante garro a recordar
Das noites de lua lá de Maringá

Capital do norte dizem que é Londrina
E tem Santo Antonio que é da Platina
Em Jacarezinho tem cada menina
Que tem o valor da libra esterlina

Cantei em Cambé e Mandaguari
Lá em Arapongas eu me diverti
Paraná do norte terra em que eu nasci
Fiz minha homenagem vou me despedir

Assim Como O Rio
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar

Navega a criança nos mares do mundo
E tua jangada não deve ir ao fundo
O mar desta vida tem muitos escólios
Tem fé em teus braços confie em teus olhos

E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar

E como é distante este mar onde vai
Leva mais um remo que nunca é demais
Por causa da fome leva tua rede
E leva a quartinha prá matar a sede

E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar

Prá que tu não temas o assombro das grotas
Arranja amizade com as gaivotas
E elas seguindo teu barco de perto
Não deixem que afastem para rumo incerto

E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
 
E que a tempestade não mate a esperança
Que tu deves ter de que tenha bonança
Depois da tormenta é que vem uma aragem
Que te levará ao final da viagem

E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar

Até que um dia no mar tarde amena
Teu barco encostando em praia serena
Verás que é um velho quem era um menino
E dirás contigo cumpriu seu destino

E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar
E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar

Três Boiadeiros
Viajando nas estradas Zé Rolha na frente
Tocando o berrante, chamando a boiada
E Chiquinho, sempre do lado, distraindo o gado
Tomando cuidado nas encruzilhadas
E nós três vivia tocando a boiada
E nós três vivia tocando a boiada

Mas um dia na invernada, deu uma trovoada
E numa derriçada o gado estourou
Nesse dia morreu Zé Rolha, caiu do cavalo
Foi dentro do valo e a boiada pisou
Fiquei eu e Chiquinho tocando a boiada
Fiquei eu e Chiquinho tocando a boiada

Num domingo de rodeio Chiquinho bebeu 
E não me obedeceu pulou no picadeiro
Num relance atirei na rez a vaca tremeu 
Mas no pulo que deu matou meu companheiro
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Eu fiquei sozinho tocando a boiada

Viajando nas estradas, não toco o berrante
Nem vejo lá adiante meus dois companheiros
Deste trio ficou a saudade em toda cidade
O povo pergunta dos três boiadeiros
Eu fiquei sozinho tocando a boiada
Eu fiquei sozinho tocando a boiada

Sarita
Adeus Sarita, vou partir para a fronteira
Levando minha boiada para vender lá na feira
Com o dinheiro dessa venda eu vou comprar
Mais uma linda fazenda e contigo me casar

No dia do casamento vai ter baile a noite inteira
A sanfona vai tocar esta rancheira
Meus vaqueiros reunidos cantarão para nós dois
E a nossa felicidade virá depois

Meu Ranchinho
Tenho saudade, muita saudade de um ranchinho que eu fiz pra mim
Se eu tivesse no meu ranchinho não sofreria tanto assim

Deus quando fez o mundo, fez o mundo sem fim
Hoje eu vivo distante de quem gosta de mim
Quero que faça outro mundo nem que seja pequeninho assim
Quero fazer outro rancho pra morar com quem gosta de mim

Tenho saudade daquela estrada ainda existe o tal caminho
E hoje eu vivo só recordando do meu rancho tão sozinho

Deus quando fez o mundo, fez o mundo sem fim
Hoje eu vivo distante de quem gosta de mim
Quero que faça outro mundo nem que seja pequeninho assim
Quero fazer outro rancho pra morar com quem gosta de mim

Adeus Mãezinha
Adeus mãezinha vou-me embora, não chore não
Eu sinto no peito a dor tão sem jeito da separação.
Mas eu vou contente marchando na frente do meu batalhão
Vencendo o perigo cruel inimigo da nossa nação

Não chore mãezinha deves compreender
Sinto-me orgulhoso e tenho prazer
Em vestir a farda lutar e vencer
Eu cumprir meu dever

Beijo Da Morte
O moço Zequinha amava a priminha com toda a afeição
Leonor também tinha o primo Zequinha em seu coração
Mas seus pais souberam e já desfizeram seus sonhos em flor
Tristonhos choraram e os dois se apartaram morrendo de amor

Foi passando o tempo até que uma noite de lindo luar
Leonor despertando ouviu soluçando seu primo a chamar
Correu até a rua e no claro da lua com espanto encontrou
Seu primo morrendo e nos lábios o veneno que ele tomou

Leonor comovida seu corpo sem vida chorando abraçou
E vendo seus gritos no azul do infinito até a lua chorou
E vendo o veneno nos lábios correndo beijou pra morrer
A morte quiseram por que não puderam ausente viver

Quando os pais chegavam a lua prateava dois corpos no chão
Morreram abraçados com os lábios colados na eterna união
E a luz matutina mandou a neblina cobrir com seu véu
Dois corpos que a sorte com o beijo da morte subiram pro céu

Caipirinha
Você caipirinha é minha inspiração
Por isso eu lhe dedico esta singela canção

Caipirinha de trança comprida
Olhos negros da cor do carvão
Você é minha flor preferida
Entre as flores de todo o sertão

Meu viver sem você não é vida
É sofrer na maior solidão
Mas você caipirinha querida
Vive sempre no meu coração

Você caipirinha é minha inspiração
Por isso eu lhe dedico esta singela canção

Caipirinha de trança comprida
Olhos negros da cor do carvão
Você é minha flor preferida
Entre as flores de todo o sertão

Meu viver sem você não é vida
É sofrer na maior solidão
Mas você caipirinha querida
Vive sempre no meu coração

Piracicaba
Uma saudade que punge e mata que sorte ingrata longe daqui
Tem um suspiro triste e sem termo fico no ermo desde que parti
Piracicaba que eu adoro tanto cheia de flores, cheia de encantos
Ninguém compreende a grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti

Só vejo estranhos meu berço amado ter a teu lado o que eu perdi
Pouco se importam com os teus encantos que eu amo tanto desde que nasci
Piracicaba que eu adoro tanto cheia de flores, cheia de encantos
Ninguém compreende a grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti

Em outras plagas o que vale a sorte prefiro a morte longe daqui
Adoro os prados e os horizontes, a serra, os montes onde nasci
Piracicaba que eu adoro tanto cheia de flores, cheia de encantos
Ninguém compreende a grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti

Paraguaita
Paraguaia, Paraguaíta, paraguaia meu amor
Rosto lindo, delicado lábios de botão de flor
Paraguaia, Paraguaíta, paraguaia meu amor
Rosto lindo, delicado lábios de botão de flor

Eu vivo no mundo penando por você eu vivo a sofrer
Sem o seu amor meu bem eu não poderei mais viver
Eu deito e sonho contigo acordo em suspiro doído
Pensando no seu semblante que nunca me sai do sentido

Paraguaia, Paraguaíta, paraguaia meu amor
Rosto lindo, delicado lábios de botão de flor
Paraguaia, Paraguaíta, paraguaia meu amor
Rosto lindo, delicado lábios de botão de flor

Quando eu passo muitos dias sem poder lhe beijar
Sinto uma dor no meu peito que só você pode curar
Esse seu sorriso alegre quando vem me receber
Parece um botão de rosa quando está prá florescer

Cai Sereno, Cai
Cai sereno, cai no campo cheio de flor
Eu também quero cair nos braços do meu amor
Cai sereno, cai no campo cheio de flor
Eu também quero cair nos braços do meu amor

Eu comparo a minha vida com o viver do sabiá
Que vive cantando na mata por que não sabe chorar

Cai sereno, cai no campo cheio de flor
Eu também quero cair nos braços do meu amor
Cai sereno, cai no campo cheio de flor
Eu também quero cair nos braços do meu amor

Chorei tristeza e saudade na sombra daquela paineira
A tristeza e a saudade são irmãs são companheira

Eu pareço ser alegre só por eu viver cantando
Quantas vezes eu neste mundo tenho cantado chorando

Cai sereno, cai no campo cheio de flor
Eu também quero cair nos braços do meu amor
Cai sereno, cai no campo cheio de flor
Eu também quero cair nos braços do meu amor

Músicas do álbum A Saudade Do Sertão (CHANTECLER / SERTANEJO PTJ 3016) - (1960)

Nome Compositor Ritmo
Saudades Eu Tenho Antenógenes Da Silva / De Moraes Rancheira
Paraná Do Norte Palmeira Rasqueado
Assim Como O Rio Anacleto Rosas Júnior Toada
Três Boiadeiros Anacleto Rosas Júnior Rancheira
Sarita Santos Coelho / B. Toledo Rancheira
Meu Ranchinho Nhô Celestino Toada
Adeus Mãezinha Antenógenes Da Silva / De Moraes Rancheira
Beijo Da Morte José Fortuna / Oswaldo Aude Toada
Caipirinha Luiz Baptista / Ariowaldo Pires Rancheira
Piracicaba Newton Mello Toada
Paraguaita Cunha Júnior / Nhô Nardo Rancheira
Cai Sereno, Cai Mariano / Joanico Rancheira
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