Galopeira (IPITAM 2206) - (1983) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Galopeira
Foi num baile em Assuncion capital do Paraguai
Onde eu vi as paraguaias sorridentes a bailar
E ao som de suas guitarras quatro guapos a cantar
Galopeira, galopeira eu também entrei dançar

Galopeira, nunca mais te esquecerei
Galopeira, pra matar minha saudade
Pra minha felicidade paraguaia eu voltarei
Pra minha felicidade paraguaia eu voltarei

Florzinha Do Campo
Entre as lindas florzinhas do campo sob a luz do luar cor de prata
Eu beijei os teus lábios ouvindo os acordes de uma serenata
Muitas anos, porém já passaram de beleza de lindo esplendor
Para mim essas noites são tristes porque vivo sem o teu amor

Onde te encontras que não vem acalmar o meu pranto
Vivo agora vagando sozinho como abelhas nas flores do campo
Quero saber por que foi tão cruel para mim
Desprezou a minha serenata não mereço um desprezo assim

Rainha Do Salão
Adeus amigos vou deixar esta cidade
Infelizmente eu preciso me ausentar
Para esquecer aquela que sem piedade
Manchou meu nome destruindo nosso lar

Perdi pra sempre os prazeres que eu tinha
Sinto a tristeza dominar meu coração
Pois a mulher que enfrente ao altar jurou ser minha
Me desprezou para viver na perdição

Por ser bonita conquistou o degrau da fama
Todas a chamam de rainha do salão
Sua moral ela sepultou na lama
E no meu peito sepultou meu coração

Todos compreendem como é grande a minha mágoa
Sabem também por que razão eu vou embora
Pois francamente tenho os olhos cheios d’água
Pela vergonha de saber onde ela mora

Mesmo que eu queira esquecê-la não consigo
Sinto ciúme quando vejo alguém com ela
Ainda mais para aumentar o meu castigo
Em toda parte só se fala o nome dela

Esperança Perdida
Sei que vou ficar sozinho sem ti meu amor
Sei que vou sofrer calado a minha dor
Sei que ao lado de outro irá até ao altar
Vestida com véu e grinalda para se casar

Sabes que vou padecer oh, minha querida
Sabes que nada serei sem ti nesta vida
Que só terei por lembrança a esperança perdida
E pra esquecer-te um momento
Eu precisarei entregar-me a bebida.

Se algum dia querida eu morrer de saudade
Saibas que morreu alguém que te amou de verdade
E agora oh, meu grande amor para longe eu vou partir
Adeus vida de minha vida
Quero que tu sejas bastante feliz

Tormento De Mulher
O meu amor já não pertence mais aquela
Que eu amei com ternura e carinho
O que é meu já não pertence mais a ela
Essa mulher já saiu do meu caminho

Duas almas que nasceram para amar
E depois separaram para nunca mais
Onde ela mora eu não vou pra encontrar
Essa mulher já me fez sofrer demais
Sinceramente a você não vou amar

Dos seus carinhos já não tenho recordação
Meu coração já tem outra em seu lugar
Nosso ranhinho ficou lá na solidão
Onde a tristeza hoje faz sua morada

De bar em bar é lugar onde ela vive
Acha melhor do que possuir um lar
Com a vaidade o seu viver não é mais leve
Se sorria hoje só fica a chorar
Pra esquecer o tormento que lhe persegue

Murmurar Da Cachoeira
Ouvindo o murmurar da cachoeira
Das águas que desabam da pedreira
São as mais belas horas que existem em minha vida
Ver a madrugada nascer florida

As árvores balançam calmas seus fortes galhos
As flores de frio gemem sem agasalho
E os passarinhos põem-se a cantar e a deslumbrar
Quem de longe assiste o sol raiar

Quando o sol descamba calmo no horizonte
Os passarinhos voltam aos seus ninhos
A lua no céu tristonha além a cerração
Enche de esperança meu coração

Garçom
Garçom, por favor, enche a taça
Não suporto mais sofrer tanto assim
Garçom me traga bebida
Porque minha vida é um tormento sem fim

Esta noite eu quero beber
Pra esquecer quem de mim esqueceu
Quero afogar esta mágoa
De um alguém que há tempo foi meu

Pode falar quem quiser
Que eu sou um fracasso na vida
Se eu bebo não devo à ninguém
Bebendo esqueço daquela fingida

Ai, ai, ai, ai, quero beber
Garçom, por favor, enche a taça
Quero esquecer a desgraça
Que me faz tanto sofrer

Gritam-me As Pedras Do Campo
Sou como o vento que corre ao redor deste mundo
Eu amei tantas mulheres
Eu amei tantas mulheres, porém só tu não me quer

Sou como um pássaro preso na gaiola do teu coração
Nem se ela é feita de ouro
Nem se ela é feita de ouro não deixa de ser prisão

Falam-me os montes e vales, gritam-me as pedras do campo
Que nunca viram na vida querer como estou querendo
Chorar como estou chorando, morrer como estou morrendo

Às vezes me sinto só do mundo não importa nada
Logo desperto sorrindo
Logo desperto sorrindo sou muito menos que nada

Enfim eu sou neste mundo como uma pena no ar
Sem rumo eu vou pela vida
Sem rumo eu vou pela vida sempre por ti a chorar

Falam-me os montes e vales, gritam-me as pedras do campo
Que nunca viram na vida querer como estou querendo
Chorar como estou chorando, morrer como estou morrendo

Velho Sozinho
Se vejo um velho solitário abandonado
Fico apiedado, sinto que da alma sai
Um pai sozinho pode cuidar de dez filhos
Porém, dez filhos não cuidam de um só pai

Ãrvore triste solitária ao pé da estrada
A espera só de um vento forte pra cair
Assim é um velho ao fim da vida só
Sem ter mais força para a vida resistir
Foi moço um dia também amou e foi amado
Viveu a glória de cantar e ser feliz
Abriu caminhos onde agora nós passamos
Para dar frutos se fez tronco e foi raiz

Foram seus filhos mais os netos pelo mundo
E pouco a pouco assim sozinho ele ficou
Hoje esquecido aguarda o fim que não demora
Para voltar ao velho chão que tanto amou
Foram parentes, bons amigos, toda vida
Ficou apenas um tristonho coração
Dura verdade ele teve que prender
É que a velhice tem por nome solidão

Nunca pergunte a um pobre velho o que lhe espera
Por que a resposta na sua alma vai doer
Se você é moço e pensa que esse mundo é seu
Vai chegar logo sua vez de envelhecer
Ampare o velho não lhe negue o seu carinho
Com muito amor de sua vida adoce o fim
Faça por ele o que deseja que lhe façam
Quando você também ficar um velho assim

Rosalina
Recebi uma cartinha da minha querida
Foi a Rosalina que me escreveu
Mandou me dizer que vive aborrecida
Fez a despedida e se arrependeu
Ela tem saudade do velho galpão
Das verdes campinas nunca esqueceu
Quer rever os pagos que lhe deu a vida
A terra querida onde ela nasceu

O meu peito triste estava emudecido
Triste aborrecido sempre a imaginar
Tinha encostado o meu pinho amigo
Sentindo saudade sem poder cantar
A porteira velha que nos encontrava
Os cipós cobriram e ela se escondeu
Quando ouviu dizer que você voltava
Aquela ramada toda floresceu

Quando lua nasce clareando as matas
As flores perfumam todo o meu rincão
Louco de ciúme leio a tua carta
Vejo seu retrato na imaginação.
Quando amanhece arreio meu pingo
Saio pras campinas vou juntar meu gado
O som do berrante faz tremer os pagos
Sou um gaúcho guapo e vivo apaixonado

Recordação
Amargurado pela dor de uma saudade
Voltei de novo o recanto onde eu nasci
Onde passei minha bela mocidade
Voltei chorando da tristeza que senti 

Vi a campina que eu brincava com maninho
Vi a palmeira que meu velho pai cortou
Chorei demais com saudades do velhinho
Que Deus do céu há muitos anos já levou

E onde estão meus estimados companheiros
Se foram tantos janeiros desde que eu deixei meus pais
Adeus lagoa poço verde da esperança
Meu tempinho de criança que não volta nunca mais

Meu pé de cedro desfolhado já sem vida
Final amargo de uma rósea esperança
Oh! monjolinho quero ouvir sua batida
A embalar a minha alma de criança

Manso regato que brotava lá na serra
Saudosa fonte que alegrava o meu viver
Adeus paisagem céu azul da minha terra
Rincão querido hei de amar-te até morrer

E onde estão meus estimados companheiros
Se foram tantos janeiros desde que eu deixei meus pais
Adeus lagoa poço verde da esperança
Meu tempinho de criança que não volta nunca mais

Mariposa Do Amor
Não sei por que é que eu vivo tão errado 
Traindo sempre a companheira do meu lar 
Sinto vergonha e reconheço meus pecados
Mas assim mesmo eu não sei me controlar 

As mariposas tem em mim uma influência 
E da clemência da esposa que adoro 
Sinto vergonha dos meus atos praticados 
Disfarço a mágoa, nesta hora então eu choro 

Gosta da minha inseparável companheira 
Somente a ela é que amo com ardor 
Mas como abelha rouba o mal de flor em flor 
As mariposas do peito roubam amor

Músicas do álbum Galopeira (IPITAM 2206) - (1983)

Nome Compositor Ritmo
Galopeira Zayas / Mauricio C. Ocampo - Versão: Pedro Bento Polca
Florzinha Do Campo Léo Canhoto / Campanha Rancheira
Rainha Do Salão Pedro Bento / Luiz De Castro Guarânia
Esperança Perdida Léo Canhoto Rancheira
Tormento De Mulher Wilson Palma Rocha / Jerônimo Gomes Guarânia
Murmurar Da Cachoeira Alcides Morais / Luizinho / Godofredo Rancheira
Garçom Pedro Bento / Celinho Rancheira
Gritam-me As Pedras Do Campo Cuco Sanches - Versão: Carlos Américo Rego Rancheira
Velho Sozinho Roberto Stanganelli / Hélio Cavenaghi Toada
Rosalina Paiozinho Xote
Recordação Goiá / Nenete Toada
Mariposa Do Amor Antônio B. Oliveira / Carlos Paviani Tango
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