Mártir Do Calvário (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9161) - (1972) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

O Gaúcho E Seu Cavalo
O meu pingo é minha sorte com ele sou grã senhor
É coragem, é meu forte é meu trunfo do amor
Dizem muito é correto que já figuro em estampa
Que a cavalo me completo sou o centauro dos pampas

Quando meu pingo troteia tilinta a espora a cantar 
E minha saudade apeia vendo a prenda sussurrar
Em meu cavalo sou rei que de pachola se empina 
Ganha a carreira na lei e na garupa leva a china

Meu exercito é meu pingo os arreios são meu trono
E nas festa de domingo sou livre não tenho dono
Lutei com índio e estranja, varei rio e pulei valos
Nesta vida nada é canja quase tudo é meu cavalo

E nas lutas altaneiras da coxilha ao céu azul
Defendi sempre a fronteira do meu Rio Grande do Sul
Com as patas do meu cavalo de lança contra o fuzil
Na história canto de galo para a glória do Brasil

Querido Pai
Querido pai bom velhinho meu amigo
Vem sentar aqui comigo para ouvir essa canção
Quero cantando meu velhinho de coragem
Lhe prestar uma homenagem e beijar a sua mão

Foi o senhor que amou minha mãezinha
Transformou a em rainha soberana do meu lar
A sua vida e um exemplo venturoso
Que me sinto orgulhoso em poder lhe abraçar

Por longo tempo que passei a seu lado
Com carinho fui criado e agora sou alguém
Eu gostaria de olhar todas as crianças
A sorrir com esperança como eu sorria também

O que me resta e desejar meu paizinho
Que faça seu caminho florido cheio de luz
Felicidade é ter um pai que a gente adora
Eu lhe peço nesta hora a proteção de Jesus

Nosso Amor Já Não Existe
Depois de ter sofrido demais depois de andar morrendo de dor
Eu consegui esquecer aquela que me deixou por um outro amor
Aos meus amigos que em outras horas me viam triste e amargurado
Hoje lhes digo que estou muito bem e já nem me lembro que fui desprezado

Só uma coisa já me perguntaram pergunta tola que não compreendi
Porque é que há todo momento eu vivo falando que a esqueci

Já esqueci aqueles beijos loucos, que me queimava por dentro e por fora
Já esqueci quanto lhe amava me lembro a hora que ela foi embora
Tenho comigo o retrato dela retrato esse que nem olho mais
O nosso amor que era o maior do mundo que todos saibam não existe mais

Só uma coisa já me perguntaram pergunta tola que não compreendi
Porque é que há todo momento eu vivo falando que a esqueci

Já esqueci que chorei por ela, já esqueci que fiquei sozinho
Se ela é bonita eu já nem me lembro e nem recordo que lhe dei carinho
Quero que todos me vejam cantando e sorrindo como agora estou
As minhas lágrimas são de alegria, pois já nem lembro quem me desprezou

Só uma coisa já me perguntaram pergunta tola que não compreendi
Porque é que há todo momento eu vivo falando que a esqueci

Deus É Meu Guia
Sou tão feliz morando aqui na roça
Não me acostumo viver na cidade
Tenho de tudo na minha palhoça
Vivemos cheio de felicidade
Eu me divirto com a passarada
Com a lavoura e minha criação
Por isso a vida não me falta nada
Vivo contente aqui no meu sertão

Meu belo rádio são os meus filhinho
Despertador e meu filho pequeno
Quando ele acorda diz-me papaizinho
Então eu sei já está amanhecendo
Eu me levanto tão cheio de vida
E vou tratar da minha criação
Enquanto isso a minha querida
Vai preparando o nosso chimarrão

Se for preciso fazer uma viagem
Tá cocheira meu baio fechado
Eu me destino a qualquer lugar
No meu cavalo saio sossegado
Se por acaso cair uma chuva
Tenho um bom pala pra me agasalhar
Meu lenço branco com as pontas acenando
Este é meu traje pra enfrentar

Nada me impede, pois Deus é meu guia
Trago no bolso uma forte oração
Pra defender a minha família
Enfrento chuva, raio e escuridão
Eu não desprezo meu sertão querido
Meu berço querido que me viu nascer
Pois se aqui é meu mundo adorado
Aqui nasci, aqui quero morrer

Mariana
Pra você não precisar chorar, Mariana do meu coração
Pois você já nasceu pra ser minha meu amor minha doce paixão
Eu preciso encontrar com seu pai e falar co amor que se tem
Vou levar a boiada depressa e a gente se casa semana que vem

Junto ao jequitibá perto do ribeirão
Todos vão ajudar vou fazer mutirão
Nosso ninho de amor que você vai gostar
Com a benção de Deus nosso amor vai brotar

Tropeiro Gaúcho
Ao despertar da infância logo aos catorze anos
Enfrentei o minuano de peito aberto ao relento
Ouvindo gemer do vento as manhãs brancas de orvalho
Trazendo por agasalho um velho poncho cinzento

Troquei o laço de embira, fiz um de couro de vaca
Com argola de alpaca para aguentar o repuxo
Uma arma de cartucho que me acompanha nos pampas
Ganhei até a estampa de um bom tropeiro gaúcho

Fiz do cavalo um amigo nesta dura profissão
Das trovas fiz oração nas estradas campesinas
Cantando frases juínas linguagem que o guasca usa
Na lida quando ela cruza nas verdes plagas sulinas

Assim eu vou troteando por entre vales sombrios
Dormindo em beira de rio, tomando meu mate forte
Agradeço a minha sorte ao Criador da existência
Só deixo minha querência pela querência da morte

Concerto Para Um Verão
Instrumental

Mártir Do Calvário
Há muitos séculos o mundo estremeceu
Quando na Terra viveu Cristo Salvador
E traído pelo Judas, seu Apóstolo
Pro mau calvário a cruz pesada carregou
Mesmo cansado seu rosto banhado em sangue
Uma mulher teve o milagre do Senhor

Senhor dei-me enxugar seu rosto desfigurado
Senhor seu rosto estampado em minha toalha

E carregando a cruz pesada sobre os ombros 
Caminhando lentamente pela estrada 
Ao chegar ao pé do monte calvário 
Jesus chorou ao ver sua mãe amada
Que confrontando seu filho nos braços 
Jesus dizia suas últimas palavras

Mãe ainda hoje estarei no reino do céu 
Ao lado de meu pai

A multidão que assistia aquela cena 
Sem ter certeza ser o mestre, ser a luz 
E carregado pelos soldados romanos 
Jesus Cristo foi pregado numa cruz
Tão humilhado no meio de dois ladrões 
Que zombaram do poder de Jesus

Se és verdadeiramente filho de Deus 
Salva ao menos a ti 
Pai eles não sabem o que estão falando
Este é o filho de Deus

Linda Paraguaia
Paraguai linda não te vás embora que eu te quero tanto
Que eu te quero tanto paraguaia linda não te vás embora, não
Paraguai linda não te vás embora que eu te quero tanto
Que eu te quero tanto paraguaia linda do meu coração

Paraguai linda não te vás, paraguaia linda ficarás
Paraguai linda meu amor
Tu bem sabe que eu te quero espero que nunca te vás
E deves ficar para alegrar meu coração
Tu bem sabe que eu te quero espero que nunca te vás
E deves ficar para alegrar meu coração

Arroz À Carreteira
Eu deixei meu Rio Grande lá no sul do meu país
Me arribei por esta bandas esperando ser feliz
Hoje aqui longe dos pagos, da querência e do galpão
A saudade é mais amarga do que o próprio chimarrão
 
Minha prenda prometida eu deixei lá em Caxias
Deixei rasto em Passo fundo perto de Santa Maria
O gaúcho da coxilha é igual a um beija flor
Por toda parte que passa sempre deixa um novo amor
 
Santana do Livramento esta saudade é cruel
Ajudai-me São Leopoldo e também São Gabriel
Quem me dera estar agora onde o pensamento vai
Pra rever a minha chinoca e também meu velho pai
 
O arroz a carreteira que a minha velha fazia
Era o prato mais gostoso do rincão onde eu vivia
Tenho medo do regresso ao pensamento me vem
Pois talvez chegando lá não encontre mais ninguém

Balada De Um Mundo Diferente
Eu queria que o nosso mundo fosse bem diferente 
Não existisse pobreza, não existisse doença 
Nem guerra, nem fome, nem ódio, viver só da verdade
Entre abraço e sorriso amor e felicidade
E neste mundo meu Deus não haveria maldade 
Entre abraço e sorriso amor e felicidade

E quem fosse bem pequeninho Deus como protetor 
Desse a vida segura, sem ira, sem morte, sem dor 
Não tivesse velhice, fosse só mocidade 
Entre abraço e sorriso amor e felicidade
E neste mundo meu Deus não haveria maldade 
Entre abraço e sorriso amor e felicidade

Recordando Sucessos Nº 2
Mandei meu pombo correio ver minha deusa do amor
Partiu levando três cartas numa cascata de dor
Peguei meu cavalo baio fui caminhando na estrada
Sem amor minha querida a vida não vale nada

Viver sempre te amando era o meu maior desejo
Comparei o amor e a rosa na ternura do teu beijo
Fiquei perdido de amor e quero os beijos teus
Mil vezes cantei chorando a guarânia do adeus

Tu bem sabes queridinha que meu vício é te amar
E tu fica aí sozinha não quero ver-te chorar 
Naquela noite de angústia passei chorando em vão
Se eu ficar no esquecimento jamais terei ilusão

Pra quebrar o teu orgulho o que será que eu faço
Quero gritar que um dia amanheci em teus braços
Uma ilusão perdida na minha história de amor
Nasceu em berço de ouro e eu sou um sonhador

Mesmo que rasgue meu peito será sempre a pretendida
Para viver solitário pra que me serve esta vida
Na minha jura de um homem eu direi homem não chora
Eu não creio no destino mas peço não vá embora

Rancho De Barretos
Eu tenho um rancho que fica em Barretos 
Não existe outro igual no sertão 
Por onde passa pertinho o Rio Grande 
Soluçando uma doce canção

Eu deixei minha sela num gancho 
Meu cavalo a pastar no meu pago 
Eu preciso voltar pro meu rancho 
Quero ver outra vez o meu gado

Etelvina me chama pro almoço 
Com três toques na sua buzina 
Eu ainda estou muito moço 
Mas preciso casar com a Etelvina

Eu tenho um rancho que fica em Barretos 
Não existe outro igual no sertão 
Por onde passa pertinho o Rio Grande 
Soluçando uma doce canção

Eu preciso voltar pra Etelvina 
Eu preciso voltar pra minha serra 
Quero ver o ipê da colina 
Enfeitado de flor amarela

Eu tenho um rancho que fica em Barretos 
Não existe outro igual no sertão 
Por onde passa pertinho o Rio Grande 
Soluçando uma doce canção

Músicas do álbum Mártir Do Calvário (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9161) - (1972)

Nome Compositor Ritmo
O Gaúcho E Seu Cavalo Bruno Neher / Natalio Herlein Vaneirão
Querido Pai Nelson Gomes / Pedro Bento Balanço
Nosso Amor Já Não Existe Bruno Neher / Leonir Guarânia
Deus É Meu Guia Zuza / Carreirinho Rasqueado
Mariana Antonio Moreno / Leo Romano Cateretê
Tropeiro Gaúcho Luiz De Castro / Benedito Seviero Vaneirão
Concerto Para Um Verão Alain Morisod Balada - Instrumental
Mártir Do Calvário Canário Balanço
Linda Paraguaia Jayme Janeiro Polca
Arroz À Carreteira Palmeira / José Peniguel Polca
Balada De Um Mundo Diferente Pedro Bento Balada
Recordando Sucessos Nº 2 Nelson Gomes / Pedro Bento Polca
Rancho De Barretos F. A. Bezerra De Menezes Corrido
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