Tião Carreiro E Carreirinho - 78 RPM 1962 (SERTANEJO CH-10282) - (1962) - Tião Carreiro e Carreirinho

Terra Roxa
Um grã-fino num carro de luxo parou em frente de um restaurante
Faz favor de trocar mil cruzeiros, afobado ele disse para o negociante
Me desculpe que eu não tenho troco, mas aí tem freguês importante
O grã-fino foi de mesa em mesa e por uma delas passou por diante
Por ver um preto que estava almoçando num traje esquisito num tipo de andante
Sei dizer que o tal mil cruzeiro ali era dinheiro para aqueles viajantes, ai, ai

Negociante falou pro grã-fino esse preto eu já vi tem trocado
O grã-fino sorriu com desprezo o senhor não tá vendo que é um pobre coitado
Com a roupa toda amarrotada e um jeito de muito acanhado
Se esse cara for alguém na vida então eu serei presidente do estado
Desse mato aí não sai coelho e para o senhor fico muito obrigado
Perguntar se esse preto tem troco é deixar o caboclo muito envergonhado, ai,ai

Nisso o preto que ouviu a conversa chamou o moço de um educado
Arrancou da guaiaca um pacote com mais de umas cem cor de abóbora embolado
Uma a uma jogou sobre a mesa me desculpe não lhe ter trocado
O grã-fino sorriu amarelo, na certa o senhor deve ser deputado
Pela cor avermelhada essas notas parece dinheiro que estava enterrado
Disse o preto não arregale o olho é apenas um restolho do que eu tenho empatado, ai, ai

Estas notas vermelhas de terra é de terra pura amassa-pé
Foi aonde eu plantei a sete anos duzentos e oitenta mil pés de cafés
Essa terra que a água não lava que sustenta o Brasil de pé
Você estando montado nos cobre nunca falta amigo e algumas mulheres
É com elas que nós importamos os tais cadilak, ford, chevrolet
Pra depois os mocinhos grã-finos ficar se exibindo que nem coronel, ai, ai

O grã-fino pediu mil desculpas rematou meio desenxabido
Gostaria de arriscar a sorte onde está esse imenso tesouro escondido
Isso é fácil respondeu o preto se na enxada tu for sacudido
Terra lá é a peso de ouro e o seu futuro estará garantido
Essa terra é abençoada por Deus não é propaganda lá não fui nascido
É no estado do Paraná aonde que está meu ranchinho querido, ai, ai

A Viola E O Violeiro
Tem gente que não gosta da classe de violeiro
No braço desta viola defendo os meus companheiros
Pra destruir nossa classe tem que me matar primeiro
Mesmo assim depois de morto ainda eu atrapalho
Morre o homem e fica a fama e minha fama dá trabalho

Todos que nascem no mundo tem seu destino traçado
Uns nascem pra ser engenheiro outros pra ser advogado
Eu nasci pra ser violeiro me sinto bastante honrado
De tanto pontear viola meus dedos tão calejados
Sou um violeiro que canta para vinte e dois estados

Viva o povo mineiro cantador de recortado
Também viva os gaúcho que no xote e respeitado
Viva o violeiro do norte que só canta improvisado
Goiano e paranaense cantam tudo bem cantado
Viva o chão de Mato Grosso que é o berço do rasqueado

Representando São Paulo este pagode é um recado
A música dos estrangeiros quer invadir nosso mercado
Vamos fazer uma guerra cada violeiro é um soldado
Nossa viola é a carabina e o nosso peito é um trem blindado
A viola e o violeiro é que não pode ser derrotado

Músicas do álbum Tião Carreiro E Carreirinho - 78 RPM 1962 (SERTANEJO CH-10282) - (1962)

Nome Compositor Ritmo
Terra Roxa Teddy Vieira Moda De Viola
A Viola E O Violeiro Tião Carreiro / Lourival Dos Santos
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