Abrindo Caminho (CHANTECLER CH 3247) - (1971) - Tião Carreiro e Pardinho

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Abrindo Caminho
Eu tenho um bom protetor que me segue todo dia
Eu tenho um bom protetor que me segue todo dia
Nossa paz, nosso sossego só quem dá é o nosso guia
Nossa paz, nosso sossego só quem dá é o nosso guia

Quando eu saio de casa eu deixo uma vela acesa
Pra chamar só alegria combater toda tristeza
A proteção do meu guia é minha maior riqueza
Só quero amor e saúde e bastante pão na mesa
Só quero amor e saúde e bastante pão na mesa

Eu tenho um bom protetor que me segue todo dia
Eu tenho um bom protetor que me segue todo dia
Nossa paz, nosso sossego só quem dá é o nosso guia
Nossa paz, nosso sossego só quem dá é o nosso guia

É Deus quem manda no mundo que se salve quem poder
Só sai vencedor na terra quem bom protetor tiver
Minha porta ninguém abre ninguém fecha o meu caminho
Muita gente me vê só, mas eu nunca estou sozinho
Muita gente me vê só, mas eu nunca estou sozinho,
Minha porta ninguém abra, ninguém fecha meu caminho

Não Posso Esquecer-Te
Já fiz de tudo para esquecer-te, mas não consigo foi tudo em vão
Quanto mais ausente de ti, mas palpita meu coração.
Queria eu unir meus lábios nos lábios teus com todo ardor
Afogar-te neste beijo com frenesi sentir em meu peito o teu calor

Tu vives nos meus olhos vives nos meus sonhos
Tu moras em minha alma em todo o meu viver
Tu és o meu eu horas em meu pensamento
Tu és o amor mais profundo de ti não consigo esquecer

Faca Que Não Corta
Viola que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

O cabo da minha enxada era um cabo bacana
Não era de guatambu era de cana caiana
Um dia lá na roça me deu sede toda hora
Chupei o cabo da inchada e joguei a inchada fora

Enxada que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

Corri atrás de uma onça preparando para atirar
Do estado de São Paulo atravessou pro Paraná
A caça que eu atiro eu juro que não escapa
A cartucheira falhou, peguei a onça no tapa

Cartucheira que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

Peguei o meu dinheiro e emprestei pro camarada
O sujeitinho sumiu, nem dinheiro e nem mais nada
Dinheiro emprestado é um grande perigo
A gente perde o dinheiro e também perde o amigo

Amigo que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

A fazenda do meu sogro faz divisa com a minha
Presente de casamento ele me deu, pois eu não tinha
Com esse casamento fiquei rico de repente
Casei com sua fazenda e trouxe a moça de presente

Casamento que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

Segredo Da Chave
Preto velho saiu da mata veio aqui pra trabalhar
Preto velho saiu da mata veio aqui pra trabalhar
O que Deus faz desse mundo ninguém pode desmanchar
O que Deus faz desse mundo ninguém pode desmanchar

Calunga está trabalhando junto com o pai Carreiro
Calunga está trabalhando junto com o pai Carreiro
Fazendo serviço limpo no centro deste terreiro
Fazendo serviço limpo no centro deste terreiro

Cachoeira de água limpa corre em pé corre deitada
Cachoeira de água limpa corre em pé corre deitada
Sua água cristalina por Deus foi abençoada
Sua água cristalina por Deus foi abençoada

Essa chave é um segredo que eu não posso explicar 
Essa chave é um segredo que eu não posso explicar 
Destranca e abre caminho ninguém pode mais trancar
Destranca e abre caminho ninguém pode mais trancar

Cavalo Que Pula
Cavalo que pula, não me tira do lombo
Cavalo que pula, não me tira do lombo
Assunto de amor, levei alguns tombos
Assunto de amor, levei alguns tombos

Cavalo caiu comigo, rolamos nos dois na grama
Comigo não houve nada, porque sou peão de fama
A menina me deixou fiquei, três dias de cama

Cavalo que pula, não me tira do lombo
Cavalo que pula, não me tira do lombo
Assunto de amor, levei alguns tombos
Assunto de amor, levei alguns tombos

Chifrada de boi não dói, levei duas na costela
Coice de mula na cara para mim foi bagatela
O que pode me matar é o desprezo dela

Cavalo que pula, não me tira do lombo
Cavalo que pula, não me tira do lombo
Assunto de amor, levei alguns tombos
Assunto de amor, levei alguns tombos

Pra montar eu monto mesmo, qualquer pagão que vier
Se algum dia eu cair, sei que vou cair de pé
O que deixa no chão é desprezo de mulher

Cavalo que pula, não me tira do lombo
Cavalo que pula, não me tira do lombo
Assunto de amor, levei alguns tombos
Assunto de amor, levei alguns tombos

Um Pouco De Minha Vida
Eu morei numa fazenda que mais feia não havia
Era uma furna de serra que de serração cobria
Só depois de nove horas que o sol aparecia
E pra onde a gente olhava só montanha que se via
Lá pras bandas do poente como sufocava a gente quando à tardinha morria

O lugar era assombrado minha mãe sempre dizia
Que certas horas da noite um gemido se ouvia
Era um ai, ai tão triste que no quintal se expandia
Minha mãe ao lembrar disso ela conta e se arrepia
Não tinha vizinho perto vejam que lugar deserto de nós só Deus que sabia

Não muito longe de casa um piquete existia
Onde meu pai conservava as nossas vacas de cria
Era preciso cuidado quando um bezerro nascia
Devido ter muitos lobos por aquelas cercanias
Lembro-me bem como era o uivado dessas feras na solidão se perdia

Eu ainda era criança quase pra nada servia
Mas tirava dose e meia na enxada todo dia
O meu joguinho de malha era o que mais me entretia
Até que meus pais mudaram era assim que eu vivia
Hoje eu moro na cidade, mas recordo com saudade minha velha moradia

Meu Amor Tem Outro Dono
Passarinho perde a escama o peixe perde a escama
Eu estou perdendo tempo amando quem não me ama
Eu estou perdendo tempo amando quem não me ama

O mundo já está pequeno para tanta ingratidão
O peito de quem eu amo não existe coração
Esta noite eu não dormi a noite inteira pensando
Meu amor tem outro dono, meu amor tem outro dono

Passarinho perde a escama o peixe perde a escama
Eu estou perdendo tempo amando quem não me ama
Eu estou perdendo tempo amando quem não me ama

A semente da esperança eu plantei, mas não brotou
A paixão que eu não plantei já deu flor e carregou
Esta vida que eu levo é uma vida traiçoeira
Tive um dia de alegria só tristeza a vida inteira

Passarinho perde a escama o peixe perde a escama
Eu estou perdendo tempo amando quem não me ama
Eu estou perdendo tempo amando quem não me ama

Falou E Disse
Gavião da minha foice não pega pinto
Também o mão de pilão não joga peteca
O cabo da minha enxada não tem divisa
As meninas dos meus olhos não têm boneca

A bala do meu revólver não tem açúcar
No cano da carabina não vai torneira
A porca do parafuso nunca deu cria
Na casa do João de Barro não tem goteira

O cravo da ferradura não vai no doce
A Serra da Mantiqueira nunca serrou
A pata do meu cavalo não bota ovo
Eu não vou comer o pão que o diabo amassou

Os quatro reis do baralho não têm castelo
Também o quatro de paus não é de madeira
Por onde o navio passa não tem asfalto
Caminho que vai na lua não tem poeira

Cachaça não dá rasteira, derruba a gente
A língua da fechadura não faz fofoca
Pra fazer este pagode não foi brinquedo
Eu me virei do avesso e não sou pipoca

Pescador De Ivai
Nas água do Ivai do meu verde Paraná
Em noite de pescaria vejo a lua se banhar
Vai canoa vai, vai canoa

Nas água do Ivai sempre pesco de canoa
Barranqueando rio acima batendo firme na proa
Já fisguei até pintado no refúgio da lagoa
Que pra tirar deu trabalho pra mais de cinco pessoas
Vai canoa vai, vai canoa

Pra atravessar o rio de noite, tenho uma lanterna boa
Ela alcança muitas braças mesmo com forte garoa
Vou remando silencioso quando eu chego nas taboas
Porque no poço das piavas é que os dourados amontoam
Vai canoa vai, vai canoa

Nas bocas de corredeira onde o surumim amoa
Em noites de lua cheia dá peixe que até enjoa
Jogo a rede de arrastão água pesada recua
Quando eu fisgo a piapara fico até sorrindo a toa 
Vai canoa vai, vai canoa

Quando o rio forma vazante bando de pato recua
Também mato capivara quando meu cachorro acua
Eu levo peixe pro rancho e alguma caça boa
Assim eu vivo contente sou feliz com a patroa

Carro Velho
Sentado a beira do rancho na hora do sol entrar
O cantar dos passarinhos me fez logo relembrar
A minha vida passada eu vivia a carrear
Aquele tempo saudoso que nunca mais vai voltar

Eu vejo meu velho carro num recanto empoeirado
As rodas apodrecendo e o eixo quase quebrado
Meu velho carro de boi que já foi admirado
Hoje está na solidão lá num canto abandonado

Minha boiada carreira na palhada remoendo
Parece também que sofre do que eu vivo padencendo
Faz muito tempo seu moço quando a serra ia descendo
Fazendo sulcos no chão os cocões tristes gemendo

Daquele tempo de outrora só resta recordação
Não se vê carro de boi andando pelo estradão
Nem o carreiro cantando fumando seu cigarrão
Pois os transportes de hoje são feitos de caminhão

Tudo isso foi um sonho que passou tão de repente
Vejo o caminho estreitar e fechar na minha frente
Junto ao meu velho carro dormirei tranqüilamente
O eterno sono da morte que é o fim de toda gente 

Bom Jesus Do Iguape
Meu filho ficou doente, o doutor desenganou
Eu saí desesperado procurando um curador
Mas ninguém achou remédio que curasse sua dor
E de bom Jesus do Iguape meu filhinho se lembrou

No prazo de poucas horas a sua feição mudou
Saltou da cama sorrindo foi pro terreno e brincou
Minha mulher comovida de alegria até chorou
Viva o santo milagroso que é o pai dos sofredores

Foi chegando o mês de agosto juntei a família inteira
Nos saímos de a pé lá pro sertão das ribeiras
Pra aquelas serras sombrias nós dormimos na esteira
Pra ver o santo de Iguape nós não sentimos canseira

Pra chegar lá em Iguape nós levamos muitos dias
Vi a igreja enfeitada e os rebentar das baterias
Meu filho cheio de fé todos os passos me seguia
De joelhos pelo chão acompanhou a romaria

Pra subir a escadaria dei a mão pro meu filhinho
Nos pés de são bom Jesus terminou o seu caminho
Beijou seu manto vermelho, sua coroa de espinho
Lá na sala dos milagres eu deixei seu retratinho

Filho Da Liberdade
Minha casa é o mundo não tem porta e nem janela
É uma casa sem conforto, mesmo assim eu gosto dela

A parede é a serra onde está dependurado
Um quadro da natureza que por Deus foi desenhado
Meu tapete é a grama tenho o céu como telhado
De dia tem sol que brilha a noite céu estrelado
Bem distante do asfalto vou vivendo sossegado

O perigo não me assusta para traz não dou um passo
Duas feras mato a bala uma só eu vou no braço
Pra ter paz tem que ter guerra  precisando guerra eu faço
Para o medo e a covardia eu não vou deixar espaço

Viva meu Brasil amado eu estou de sentinela
Sendo filho desta terra morro lutando por ela

O conforto da cidade é coisa que não me importa
Minha luz é Deus quem manda quero ver quem é que corta

Eu sou igual um rochedo onde a bala bate e volta
O punhal que tem dois cortes batendo no peito entorta
Eu nunca fui empregado eu mesmo sou meu patrão
Eu vivo alegre cantando nas veredas do sertão
Sou filho da liberdade que matou a escravidão

O perigo não me assusta para traz não dou um passo
Duas feras mato a bala uma só eu vou no braço
Pra ter paz tem que ter guerra precisando guerra eu faço
Para o medo e a covardia eu não vou deixar espaço

Viva meu Brasil amado eu estou de sentinela
Sendo filho desta terra morro lutando por ela

Músicas do álbum Abrindo Caminho (CHANTECLER CH 3247) - (1971)

Nome Compositor Ritmo
Abrindo Caminho Lourival Dos Santos / Tião Carreiro Rojão
Não Posso Esquecer-te Cafezinho / Carreirinho Guarânia
Faca Que Não Corta Lourival Dos Santos / Moacyr Dos Santos Pagode
Segredo Da Chave Criolo / Tião Carreiro Cururu
Cavalo Que Pula Carlos Militar / Moacyr Dos Santos Balanço
Um Pouco De Minha Vida Dino Franco Moda De Viola
Meu Amor Tem Outro Dono Lourival Dos Santos / Tião Carreiro Batuque
Falou E Disse Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Piraci Pagode
Pescador De Ivai Dino Franco / Adolfinho Cururu
Carro Velho Criolo / Letinho / Pedro Sabino Cururu
Bom Jesus Do Iguape Teddy Vieira / Sulino Cururu
Filho Da Liberdade Lourival Dos Santos / Tião Carreiro Pagode
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