Modas De Viola Classe A (Volume 1) (CONTINENTAL 171405581) - (1974) - Tião Carreiro e Pardinho
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A Volta Que O Mundo Dá
No estado de São Paulo foi em Guaratinguetá
Um casal de namorados jurou de não separar
Mas o malvado dinheiro fez a jura se quebrar
O pai falou para a filha seu namoro vai parar
Somos de família nobre o seu namorado é pobre não vamos se misturar
Rapaz que não tem dinheiro no meu lar não vai entrar
Caboclinho do pesado suspirou pra não chorar
Retrucou assim dizendo dinheiro eu posso ganhar
Minha mão tá calejada meu defeito é trabalhar
Se fosse como eu queria nosso pão de cada dia eu não deixava faltar
Um sujeito endinheirado um dia passou por lá
Contando tanta vantagem fez o velho acreditar
Meu pai tem muito dinheiro meu trabalho é estudar
Levou a moça no tapa namorando sem casar
O cara de posição não passava de um ladrão que a família foi buscar
Ladrão deixou uma filha o avô quem vai criar
E a mãe ficou solteira não adianta reclamar
A menina todo instante para mãe vai perguntar
Mãezinha cadê meu pai quero ver onde ele está
Nesta hora a mãe se cala a verdade ela não fala porque a coragem não dá
O amor é coisa séria nunca vi ninguém comprar
Muito pai sem coração tem filhas pra negociar
Procura quem tem dinheiro para as filhas namorar
Desprezaram o caboclinho que devia respeitar
Caboclinho do pesado hoje tem seu lar honrado é a volta que o mundo dá
Fandango Mineiro
Eu recebi um convite veio de Três Corações
Pra ir cantar de viola com mais outros folgazões
Fomos chagando era tarde era noite de São João
De longe eu via figueira e os estalos de rojão
Gostamos daquele povo do modo e da educação
Divertimos a noite inteira com grande satisfação
Fandango estava animado tinha seis violeiros bons
O sapateado fazia levantar poeira do chão
O sol já vem despontando abra a porta do salão
Não é que eu tenha pressa de deixar sua função
Eu sou uma rapaz solteiro pra traz não deixo pensão
É dispensar os casados pra cuidar da obrigação
Adeus estado de Minas, ai, não sei quando volto, não
Levarei minha saudade, ai, ai! deixarei meu coração!
Chega pra cá rapaziada vamos reunir os folgazões
Faça uma roda bem feita no meio desse salão
Vou repicar minha viola pra nós bater o pé no chão
É o ultimo sapateado pra despedir da função
Bandeirante Fernão
Ai a bandeira Fernão Dias com seus homens escolhidos
Com Zé Dias, Borba Gato bandeirantes destemidos
E o capitão João Bernal padre Veiga decidido
Foram os guias da bandeira ai, ai ao sertão desconhecido
Também Matias Cardoso Garcia Paes Francisco Dias
E Antonio Prado Cunha foram servindo de guia
Junto Antonio Bicudo entraram na mataria
Índio escravo e mameluco ai, ai animais de montaria
Frei Gregório Magalhães deu benção e deu alento
Dizendo a missa campal frente ao mosteiro são bento
E o bandeirante partiu com grandes carregamentos
Cargueiro de munição ai, ai fumo em rolo e mantimento
Ai a bandeira avançou na serra da Mantiqueira
Cataguaz, Camanducaia pela selva brasileira
Porloco e Sapucaí foi avançando a bandeira
Passou Sabará Bossú ai, ai pela mata traiçoeira
Vituruna e Paraupeba, o bandeirante seguia
Rio das Velhas e Roça Grande, Sumidouro prosseguia
Passando por Tocumbira e a mata da Pedraria
Cerro Frio e Rio Doce ai ,ai foram chegar na Bahia
Morreu na selva em delírio o bandeirante Fernão
Sete anos de martírio em conquista do sertão
No lugar das esmeraldas que só foi uma ilusão
Surgiu São Paulo grandioso ai, ai o diamante da nação
Sabrina
Quando eu era boiadeiro tinha uma vida brilhante
Gostava de trabalhar só em negócios volantes
Comprava gado e vendia em quantidade bastante
Sacava o cobre no banco não precisava endossante
Me lembro de uma passagem que achei muito interessante
Fui buscar uma boiada lá nos campos de xavantes
Levava muitos milhões pra despesas dos marchantes. Oi lari, lari larai
Dia da minha partida eu tive um atenuante
De marchar à comitiva e minha peonada adiante
Era subida e descida só campinas verdejantes
Logo eu vi um automóvel que vinha vindo distante
Entre a poeira avermelhada vi que o carro era importante
Gritei pra minha peonada não quero que o gado espante
Encoste o gado depressa e repicasse o berrante. Oi lari, lari larai
Era uma garota linda vinha vindo no volante
Diz que chamava Sabrina me respondeu num instante
Vi que era capitalista sua fortuna é bastante
Calculei uns cem milhões só em pedras de brilhantes
Perguntou da onde eu era sou da firma bandeirante
Todos os negócios que eu faço minha firma é quem garante
Eu sou o dono da firma não tenho representante. Oi lari, lari larai
Pensando bem o destino veja como é interessante
Ficamos ali se gostando não se esquecemos um instante
Nunca mais vi essa moça, mas a saudade é bastante
Daquele rosto moreno daquele corpo elegante
Um sorriso encantador não esqueço teu semblante
O caso é que eu sou casado levo uma vida importante
Mas lembro desta passagem quando repica um berrante. Oi lari, lari larai
Caboclo De Sorte
Lá na vizinhança que eu sou morador sem que eu esperava arranjei um amor
É um Linda moça parece um flor de olhar morteiro enfeitiçador
Por essa morena sofro que é um horror e ela quase que regula a minha cor
Talvez por receio ou de opinião ela não deixava nem pegar nas mãos
Eu pedi um beijo ela disse não mas com muito jeito fiz arrumação
Por eu ser violeiro e bom folgazão ganhei por toda vida o seu coração
Se é coisa que eu gosto é ser violeiro e levar a fama de bom catireiro
Recebo convite do Brasil inteiro já cantei de viola até no estrangeiro
Acho muito fácil ganhar o dinheiro o mais difícil é ficar sempre solteiro
Meu futuro sogro é um homem direito homem de palavra e de muito respeito
Eu pedi a moça ele ficou sem jeito mordeu no cigarro e bateu no peito
Perguntou pra filha se era bom sujeito mas ela respondeu que sim eu fiquei satisfeito
Com o sim do velho me aumentou a fé me senti tão grande como o rei Pelé
Hoje falo alto hoje eu bato o pé ganho muitos beijos e muitos cafunés
A sorte que eu tenho muita gente quer vou me casar no fim do ano se Deus quiser
Derrota Do Boi Palácio
No vale do Paraíba seu Castorino chegou
Na cidade de São Carlos trazendo dois toureadores
Também trouxe o boi Palácio um mestiço pulador
À procura de um peão que fosse bom montador
Porque na Zona do Norte vinte oito peões dos mais fortes
O mestiço derrubou ai
Já no primeiro domingo o Palácio foi montado
Pelo senhor Nenê Lima um peão muito afamado
Foi pela grande insistência muito dinheiro apostado
O povo estava ansioso na espera do resultado
O boi pranchava no ar, só vi os cascos relampear
E quatro pulos foi jogado, ai
Petito lá de Barretos não é por engrandecer
Lá na naquela redondeza é o melhor peão pra meu ver
Quando soube da notícia também veio se inscrever
Apostou dez mil cruzeiros na certeza de vencer
Mas o malvado mestiço sem ter grande sacrifício
Também fez ele descer, ai
Apareceu Gumercindo um mulato decidido
Falou pro seu Castorino se lhe era concedido
Pra montar naquele boi sem ele ter se escrevido
Eu garanto que esta tarde vai ser muito divertido
A fama durou até agora, mas hoje acaba na espora
Deste peão desconhecido, ai
Ele montou e não caiu naquele boi afamado
Gumercindo pro revanche logo ele foi convidado
No dia cinco de junho no grande dia esperado
Tornou montar e não caiu onde foi considerado
Que o malvado do mulato tem que ser mesmo de fato
O melhor Peão do estado, ai
Naquela grande cidade depois do boi ser montado
O nome de Gumercindo ta sendo muito falado
Por essa grande vitória por este peão alcançada
Recebeu vinte contos honradamente ganhado
O Boi Palácio voltou pra terra que se criou
Por ter sido derrotado, ai
Gato De Três Cores
Foi naquele dia de corpo de Deus
Recebi uma carta que me ofendeu
Portador que trouxe foi quem mesmo leu
O povo queria ver o encontro meu
Com esse campeão que apareceu
Chegou esse dia o tempo escureceu
Trovejou bastante, mas não choveu
Logo meu colega compareceu
Pra cumprir com o trato que prometeu
Chegamos na festa que o portão bateu
O festeiro alegre já me recebeu
Lá pra dentro estava uns amigos seus
Já veio uma pinga tudo ali bebeu
O meu peito velho já desenvolveu
Repiquei no pinho que as cordas gemeu
Chamei o festeiro ele me atendeu
Vamos lá pra sala que a hora venceu
Diga pro campeão quem falou fui eu
Gato de três cores ainda não nasceu
Que dirá campeão para quebrar eu
Primeira moda fui pra dizer adeus
O festeiro veio e me agradeceu
O pessoal dali já me conheceu
Um disse baixinho outro respondeu
Violeiro igual esse ainda não nasceu
Um dueto triste o coração doeu
Pra falar a verdade até me comoveu
Elogio que nós não mereceu
O próprio festeiro já me protegeu
Cantei outra moda não me respondeu
E aqueles campeões já se encolheu
Nem pra afinar a viola não se atreveu
Chegou meia noite o relógio bateu
O campeão dali desapareceu
Estava perdido reconheceu
Só nós dois cantando o dia amanheceu
Para trabalhar meu peito não deu
Mas pra fazer moda apostou perdeu
Gato de três cores ainda não nasceu
Que dirá campeão para quebrar eu
Boiada Cuiabana
Vou contar a minha vida do tempo que eu era moço
De uma viagem que eu fiz lá pro sertão de Mato Grosso
Fui buscar uma boiada isto foi no mês de agosto
Meu patrão foi embarcado na linha Sorocaba
Capataz da comitiva era Juca Flor da Fama
Foi tratado pra trazer uma boiada cuiabana
No baio foi João Negrão, no Tordilho Severino.
Zé no Alazão, no Pampa foi Catarino
A madrinha e o cargueiro, quem puxava era um menino
Eu saí de Lambari na minha besta ruana
Só depois de trinta dias que cheguei em Aquidauana
Lá fiquei em namorado de uma malvada baiana
Ao chegar em Campo Grande num cassino fui entrando
Uma linda paraguaia na mesa estava jogando
Botei a mão na algibeira dinheiro estava sobrando
Ela mandou me dizer pra mim que fosse chegando
Eu mandei dizer pra ela vá bebendo eu vou pagando
Eu joguei nove partidas meu dinheiro foi andando
A lua foi se escondendo vinha rompendo a manhã
E aquela morena faceira trigueira cor de romã
Soluçando me dizia muchacho leve-me contigo
Que te darei toda minha alma todo meu amor
Todo meu carinho toda minha vida
E os boiadeiros no rancho estavam prontos pra partida
Numa roseira cheirosa os passarinhos cantavam
E a minha besta ruana parece que adivinhava
Que eu sozinho não partia meu amor me acompanhava
Eu parti de Campo Grande com a boiada cuiabana
Meu amor veio na anca da minha besta ruana
Hoje eu tenho quem me alegra na minha velha choupana
Velho Peão
Levantei um dia cedo sentei na cama chorando
Meu velho tempo de peão nervoso eu fiquei lembrando
Senti uma dor no peito igual brasa me queimando
Ouvi uma voz lá fora parece que me chamando
Eu tive um pressentimento que a morte na voz do vento ali estava me chamando
Eu saí lá pro terreiro lembrei nas glórias passadas
Me vi montado num potro correndo nas invernadas
Também vi um lenço acenando de alguém que foi minha amada
Que há tempo se despediu pra derradeira morada
Tive um desgosto medonho ao ver que tudo era um sonho e hoje não sou mais nada
Pobre de quem nesta vida na velhice não pensou
Ao me ver velho e doente um filho me amparou
Recebo tanta indireta da nora que não gostou
E meu netinho inocente chorando já me falou
A mamãe já deu estrilo diz que aqui não é asilo, mas eu gosto do senhor
Neste meu rosto cansado queimado pelo mormaço
Duas lágrimas correram no espelhos do meu fracasso
É o prêmio de quem na vida não quis acertar o passo
Abri os olhos muito tarde quando eu já era um bagaço
Vejam só a situação de que foi o rei dos peões hoje não pode com um laço
À Deus eu fiz uma prece pedindo pros companheiros
Que perdoe todas as faltas deste peão velho estradeiro
Quando eu deixar este mundo meu pedido derradeiro
Desejo ser enterrado na sombra de um anjiqueiro
Pra ouvir de quando em quando as boiadas ali passando e os gritos dos boiadeiros
Oswaldo Cintra
Ai eu sou mineiro da gema de Minas vivo distantes
Estou morando em São Paulo já sou quase um bandeirante
Lá na linha noroeste onde eu passo todo instante
Cidade de Araçatuba é meu berço de viajante
Ai eu vou falar a verdade, lá tenho muita amizade
De gente boa importante ai, ai
Ai cidade de Araçatuba o seu progresso não mente
É a capital do asfalto é uma verdade patente
Dentro da sua razão, lá existe homem valente
As mulheres são sinceras e as meninas são descente
Ai a juventude sadia estudando noite e dia
Pra um futuro sorridente ai, ai
Ai o senhor Oswaldo Cintra fazendeiro da região
Sua fazenda é um palácio sincera comparação
Homem que veio do nada e ninguém lhe deu a mão
Lutando honestamente foi ganhando posição
Ai a sua fortuna cresce Deus ajuda quem merece
Por ele ser bom patrão ai, ai
Ai homem que veio da luta muito tombo e muito chão
Muito arreio e muito laço, muito boi e muito peão
Na grande escola da vida ele foi aluno bom
Sem férias e sem recreio aprendeu sua lição
Ai ele veio da pobreza transformando em riqueza
Os seus tombos no sertão ai, ai
Ai o senhor Oswaldo Cintra e seu filhinho Marquinho
E o doutor Ubiratan do seu Oswaldo é sobrinho
Família de gente boa é flor que não tem espinho
Falo bem de quem merece abraçado neste pinho
Ai eu me despeço cantando adeus vou me retirando
Pra chorar lá no caminho
Ferreirinha
Eu tinha um companheiro por nome de Ferreirinha
Nós lidávamos com boiada desde nós dois rapazinhos
Fomos buscar um boi brabo no campo do Espraiadinho
Eram vinte e oito quilômetros as cidade de Pardinho
Nos chegamos no tal campo cada um seguiu pra um lado
Ferreirinha foi num potro redomão muito cismado
Já era de tardezinha eu já estava bem cansado
Não encontrava o Ferreirinha nem o tal boi arribado
Naquilo avistei o potro que vinha vindo assustado
Sem arreio e sem ninguém fui ver o que tinha se dado
Encontrei o Ferreirinha numa restinga deitado
Tinha caído do potro e andou pro campo arrastado
Quando avistei Ferreirinha meu coração se desfez
Eu rolei do meu cavalo com tamanha rapidez
Chamava ele por nome, chamei duas ou três vezes
E notei que estava morto pela sua palidez
Pra deixar meu companheiro é coisa que eu não fazia
Deixar naquele deserto alguma onça comia
Estava ali só eu e ele Deus em nossa companhia
Venho muitos pensamentos só um é que resolvia
Pra levar meu companheiro veja o quanto eu padeci
Amarrei ele pro peito e numa árvore eu suspendi
Cheguei meu cavalo em baixo e na garupa desci
E com o cabo do cabresto eu amarrei ele em mim
Sai pra aquelas estradas tão triste, tão amolado
Era um frio do mês de junho seu corpo estava gelado
Já era uma meia noite quando eu cheguei no povoado
Deixei na porta da igreja e fui chamar o delegado
A morte deste rapaz mais que eu ninguém sentiu
Deixei de lidar com gado minha inclinação sumiu
Quando lembro esta passagem franqueza me dá arrepio
Parece que a friagem das costas ainda não saiu
Morena Do Sul De Minas
Minha linda garça branca do varjão do sul de Minas
Que voa cortando espaço cruzando verdes campinas
Vai dizer à minha amada que a paixão me domina
Ela será meu tesouro ou talvez minha ruína, ai, ai
O assunto deste amor trago sempre na surdina
Só meu coração que sabe que a morena me fascina
Sei também que ela me ama desde o tempo de menina
Só não me caso com ela se não for a minha sina, ai, ai
Essa mineira que eu digo mudou pro norte de Minas
Numa cidade distante que se chama Diamantina
Tem os cabelos compridos e o olhar que fascina
Seus olhos são dois faróis que a minha vida ilumina, ai, ai
A saudade mata a gente quando a paixão predomina
Eu tenho quase morrido por gostar desta menina
Esta dor que me persegue já nem sei quando termina
Se eu não realizar meu sonho adeus estado de Minas, ai, ai
Msicas do lbum Modas De Viola Classe A (Volume 1) (CONTINENTAL 171405581) - (1974)
Nome | Compositor | Ritmo |
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A Volta Que O Mundo Dá | Lourival Dos Santos / Zé Batuta | Moda De Viola |
Fandango Mineiro | Carreirinho / Pedro Lopes De Oliveira | Moda De Viola |
Bandeirante Fernão | Carreirinho / Ado Benatti / Campos Negreiros | Moda De Viola |
Sabrina | Carreirinho / Zé Carreiro | Moda De Viola |
Caboclo De Sorte | Tião Carreiro / Dino Franco | Moda De Viola |
Derrota Do Boi Palácio | Zé Carreiro / José Morais | Moda De Viola |
Gato De Três Cores | Carreirinho | Moda De Viola |
Boiada Cuiabana | Raul Torres | Moda De Viola |
Velho Peão | Teddy Vieira / Sulino | Moda De Viola |
Oswaldo Cintra | Tião Carreiro / Lourival Dos Santos | Moda De Viola |
Ferreirinha | Carreirinho | Moda De Viola |
Morena Do Sul De Minas | Tião Carreiro / Dino Franco | Moda De Viola |