Os Reis Do Pagode (CHNATECLER CH 3110) - (1965) - Tião Carreiro e Pardinho
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Margarida
Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Eu vou contar pra vocês o jeito da Margarida
É uma espiguinha de milho no ponto de ser colhida
Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
A gente quando se espelha nos olhos da Margarida
Vê duas pombinhas brancas beliscando nossas vidas
Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Quando ela toma banho na paia toda escondia
As ondas do mar se curvam ante as curvas da Margarida
Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Ela é um anjo sim senhor, ela é um anjo sim senhor
Rei Do Pagode
Afirme o pé companheiro, bambeie o nó da gravata
Nós vamos cantar um pagode que chegou na hora exata
Por ai tem um caboclo quando canta me maltrata
Eu vou dar minha resposta que não é muito pacata
Vou tratar meus inimigos do jeito que eles me tratam
Tenho dó desse coitado eu deixo que ele se bata
Com sua língua nos dentes com modas que desacatam
Na escada do sucesso ele subiu dando rata
A queda dele foi dura no tombo quase se mata
Não acerta mais o passo está jogado pras baratas
A verdade é cristalina é igual água de cascata
Essas modas de abater é uma coisa muito chata
Não falar mal dos colegas é uma coisa mais sensata
Esses violeiros invejosos reclamam da sorte ingrata
Pros escravos da inveja meu pagode é uma chibata
No lugar aonde eu canto o povo todo me acata
Sou querido das morenas, das loirinhas e das mulatas
Ganhei medalhas de ouro não contando as de prata
O Brasil inteiro fala dos violeiros eu sou a nata
Onde eu canto meu pagode meu sucesso é na batata
Sou um leão africano quando dá um grito na mata
Os bichos pequenos correm igualzinho vira lata
No lugar que pisa o leão cachorro não põe a pata
Nossa coroa de rei quero ver quem arrebata
Nossos laços de amizade é um nó que não desata
Triste Separação
Perdi um amor nessa vida alegria para mim findou
Remorso há de bater no peito de quem a separação causou
Confesso não fui o culpado tenho desprezo sem a merecer
Troquei aquele grande amor por uma grande dor que hoje me faz sofrer
Amar tanto assim, eu nem sei qual é o meu fim
Vivendo longe dela e ela de mim
Amar nunca mais que satisfação me traz
Os carinhos de outra não me satisfaz
Franqueza não tive coragem para dar-te meu último adeus
Contrariando minha vontade nunca mais terá os carinhos meus
A dor que hoje estou sofrendo essa tristeza do meu coração
A mesma há de bater na porta de quem obrigou esta separação
Amar tanto assim, eu nem sei qual é o meu fim
Vivendo longe dela e ela de mim
Amar nunca mais que satisfação me traz
Os carinhos de outra não me satisfaz
Padecimento
Ai a viola me conhece que eu não posso cantar só
Ai se eu sozinho canto bem, junto eu canto melhor
Ai vai chegando o mês de agosto bem pertinho de setembro
Os passarinhos cantam alegres por as matas florescendo
Ai eu não sei o que será que já vai me entristecendo
Passando tantos trabalhos debaixo de chuva e sereno
Eu não como e não bebo nada vivo triste padecendo
Ai pra um coração de quem ama o alívio é só morrendo ai, ai, ai
Ai quem já teve amor na vida e por desventura perdeu
Não deve se lastimar e ficar triste como eu
Pois eu também já tive amor, mas não me correspondeu
O desgosto no meu peito quis ser inquilino meu
Mas eu tenho esta viola que foi enviada por Deus
Ai que só me trás alegria e a tristeza rebateu ai, ai, ai
Ai a viola me acompanha desde quinze anos de idade
Ela é minha companheira nas minhas contrariedades
Faço moda alegre e triste conforme a oportunidade
Esse dom de fazer moda não é querer e ter vontade
Tem muita gente que quer, mas não tem facilidade
É um dom que Deus me deu pra desabafar saudade ai, ai, ai
Ai pra aprender cantar de viola primeiro estudo que eu tive
Aprendi com um violeiro velho que fazia moda impossível
Pois eu sou um violeiro novo, mas também quero ser terrível
Faço moda de gente boa e de alguns incorrigíveis
Toda moda que eu invento ocupo régua, prumo e nível
Ai pensando bem um violeiro com prazer no mundo vive ai, ai, ai
Mineirada Boa
Pra falar mal de mineiro tem que me matar primeiro
Tem que me matar primeiro pra falar mal dos mineiros
Eu sou paulista sou da terra da garoa
Eu falo bem dos mineiros, eta mineirada boa
As mineiras são sinceras e os mineiros são valentes
Foi no estado de Minas que nasceu o Tiradentes
O herói da independência em Minas deixou semente
O mineiro é corajoso e, além disso, é competente
Foi no estado de Minas que nasceu mais presidentes
Deu um balanço na história nossa história não mente
Pra defender os mineiros eu me enrolo com a serpente
Se vem bala pros mineiros minha vida vai na frente
Vou fazer a despedida vou deixar minha patente
Vou usar frases de ouro vou falar o que o povo sente
Quando se fala em Brasília vem logo na nossa mente
A lembrança de um mineiro que dá saudade na gente
Remediado
Eu não sou solteiro e nem sou casado
Também não sou rico, sou remediado
Não tenho confiança sou desconfiado
Eu sou um caboclo mal arrumado
Quem anda comigo toma o bonde errado
Eu não sou de briga também não sou bom
Eu não sou baixinho e nem sou altão
Também não sou preto e nem sou brancão
Eu sou um caboclo meio queimadão
Não sou muito feio e nem bonitão
Eu não sou careca e nem cabeludo
Eu não sou ativo, nem bobo de tudo
Eu não sou pateta e nem abelhudo
Leio muito bem, mas não tive estudo
No braço da viola eu sou topetudo
Eu nasci no mundo atrás da cortina
Tenho meus parentes, mas não me domina
Eu vivo cantando pra cumprir com a sina
Com minha viola eu faço a rotina
Só quem me persegue são as meninas
As modas que eu canto são todas de ouvido
Eu canto de viola e não sou convencido
Tenho muita amizade tudo é meus amigos
Eu sou um caboclo desiludido
No Brasil inteiro eu sou conhecido
Vai, Saudade
Vai saudade, por favor me deixa em paz
Vai dizer pro meu amor que eu já sofri demais
Cantando eu me sinto bem disfarço meu coração
No dia que eu não canto quase morro de paixão
Vai saudade, por favor me deixa em paz
Vai dizer pro meu amor que eu já sofri demais
Chora violão amigo encostado no meu peito
A dor que eu estou sentindo só você pode dar jeito
Vai saudade, por favor me deixa em paz
Vai dizer pro meu amor que eu já sofri demais
Vai saudade, por favor me deixa em paz
Vai dizer pro meu amor que eu já sofri demais
Se eu pudesse voar saía cortando espaço
Eu beijava tua boca e dormia nos teus braços
Vai saudade, por favor me deixa em paz
Vai dizer pro meu amor que eu já sofri demais
Não É Mole Não
No dia que eu me casei alegria foi demais
Toquei a mulher na frente a filharada foi atrás
Sou casado há vinte anos nunca briguei com a Maria
Casei e vim pra São Paulo deixei ela na Bahia
A fome bate na porta o amor pula a janela
A mulher que passa fome o marido fica sem ela
A mulher de vagabundo tem poucos dias de vida
Vagabundo dá carinho esquece de dar comida
O patrão era martelo no prego ele batia
O empregado era prego coitado como sofria
O patrão já virou prego agora que eu quero ver
O empregado é martelo que no prego vai bater
Nós aqui estamos deitando no Japão vão levantar
No Japão tão levantando nós aqui vamos deitar
Com japonesa eu não caso porque vi que não adianta
Quando eu levanto ela deita quando eu deito ela levanta
Minha vida é muito boa eu não poso reclamar
Como pato no almoço como pato no jantar
Eu matei um pato gordo convidei os meus vizinhos
Fechei a porta e janela comi o pato sozinho
Meu Amor Chorou
Meu amor chorou, meu amor chorou
E eu também chorei, e eu também chorei
Foi na hora da partida
Ai, ai meu Deus como é triste a despedida
Foi na hora da partida
Ai, ai meu Deus como é triste a despedida
Saí tristonho chorando pra fazer a embarcação
Eu deixei o meu amor na saída do portão
Eu deixei o meu amor na saída do portão
Meu amor chorou, meu amor chorou
E eu também chorei, e eu também chorei
Foi na hora da partida
Ai, ai meu Deus como é triste a despedida
Foi na hora da partida
Ai, ai meu Deus como é triste a despedida
Bem na hora da partida coração triste chorou
Ao despedir do meu bem coração quase parou
Ao despedir do meu bem coração quase parou
Meu amor chorou, meu amor chorou
E eu também chorei, e eu também chorei
Foi na hora da partida
Ai, ai meu Deus como é triste a despedida
Foi na hora da partida
Ai, ai meu Deus como é triste a despedida
Saí tristonho chorando cortando pelas estradas
Como é triste e é penoso despedir da minha amada
Como é triste e é penoso despedir da minha amada
Ladrão De Terra
Tinha eu quatorze anos quando deixei meu estado
Meu pai era sitiante trabalhador honrado
Por esse mundão de Deus eu dei murro no pesado
Quando a sorte me sorria os meus planos foram cortados
Triste notícia chegava meu destino transformava e fiquei um revoltado
Meu pai tinha falecido nas cartas vinha dizendo
As terras que ele deixou minha mãe acabou perdendo
Para um grande fazendeiro que abusava dos pequenos
Meu sangue ferveu na veia quando eu fiquei sabendo
Invadiram as terras minhas tocaram minha mãezinha pra roubar nosso terreno
Eu voltei pra minha terra foi com dor no coração
Procurando meus direitos eu entrei no tabelião
Quase que também caía nas unhas dos gaviões
Por que o dono do cartório protegia os embrulhão
Me falou que o fazendeiro tinha rios de dinheiro pra gastar nesta questão
Respondi no pé da letra não tinha nenhum tostão
Meu dinheiro é dois revólver e balas no cinturão
Se aqui não tiver justiça para minha proteção
Vou mandar os trapaceiros pra sete palmos do chão
Embora saia uma guerra vou matar ladrão de terra dentro minha razão
Negar terra pro caboclos ai, ai é negar pão pro nossos filhos, ai, ai
Tirar terra dos caboclos ai, ai, é tirar o Brasil do trilho ai, ai
Nós tava da onze a onze na parada deste dia
Os pobre é carta baixa e os ricos são a mania
Fui uma chuva de bala só capanga que corria
Foi pela primeira vez que o dinheiro não valia
O barulho acabou cedo entregaram foi de medo terras que me pertencia
Nas cercas de minha terra ai, ai, quem mexer não imagina, ai, ai
Os arames são de bala ai, ai e os mourão de carabina ai, ai
Tenente Mineirinho
Num posto de gasolina meu caminhão eu abastecia
Nisto chegou um mineirinho como ajudante se oferecia
O mulato era franzino que pra essa lida fé não fazia
Mas por gostar dos mineiros eu aceitei sua companhia
Saímos cortando chão ao atravessar um mato fechado
De repente na estrada eu vi um tronco de atravessado
O mineiro resmungou pro jeito vamos ser assaltados
Nem acabou de falar o tiroteio estava formado
Chamei por meu São Cristóvão puxei de um berro que eu trazia
Olhei na mão do mineiro vi um parabelo que reluzia
Cada tiro que ele dava no mato um cangaceiro gemia
Os cabras vendo a derrota fizeram pista na mataria
Eu falei pro Mineirinho gostei de ver a sua bravura
Vamos viajar sempre junto pra enfrentar as paradas duras
O mineiro me falou vou lhe falar a verdade pura
Não posso seguir contigo, pois sou tenente da captura
Ao me ver ali pasmado o mineirinho deu uma risada
Gostei de sua companhia minha missão está terminada
São Cristóvão lhe acompanhe seja feliz em sua jornada
Que seguirei meu destino de acabar com os ladrões da estrada
Por Ti Padeço
Quem me vê assim cantando sempre alegre e sorridente
Ninguém nota no meu rosto o que meu coração sente
No braço desta viola explicarei facilmente
É duro gostar de alguém que já tem seu pretendente, ai
Quem vê os versos que eu faço diz que eu sou inteligente
O coração de quem ama trova versos de repente
Alguns dá pra ser poeta outros fica impertinente
O amor quebra opinião de qualquer homem valente, ai
Ás vez começo a pensar então meu dou por contente
Por poder desabafar tudo que meu peito sente
Meus versos no coração atingem diretamente
Mais é que a felicidade não pertence a toda gente, ai
Conquistar seu coração sei que não sou suficiente
Vendo você todo dia sofrerei eternamente
Amanhã eu vou-me embora sei que vou partir doente
Pra mim ver você com outra eu prefiro viver ausente
Msicas do lbum Os Reis Do Pagode (CHNATECLER CH 3110) - (1965)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Margarida | Lupicínio Rodrigues | Toada Balanço |
Rei Do Pagode | Lourival Dos Santos / Moacyr Dos Santos | Pagode |
Triste Separação | Carreirinho | Rasqueado |
Padecimento | Carreirinho | Moda de viola |
Mineirada Boa | Tião Carreiro / Lourival Dos Santos | Arrasta-pé |
Remediado | Tião Carreiro / Zé Matão / Edgard De Souza | Cateretê |
Vai, Saudade | Pinguinha / Orlando Gomes | Rojão |
Não É Mole Não | Tião Carreiro / Lourival Dos Santos | Pagode |
Meu Amor Chorou | Tião Carreiro / Barrinha | Rojão |
Ladrão De Terra | Teddy Vieira / Moacyr Dos Santos | Cururu |
Tenente Mineirinho | Teddy Vieira / Moacyr Dos Santos | Querumana |
Por Ti Padeço | Tião Carreiro / Carreirinho | Cateretê |