Rancho Dos Ipês (CHANTECLER CH 3172) - (1967) - Tião Carreiro e Pardinho
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Rancho Dos Ipês
Lá no rancho dos ipês um dia fui convidado
Pra passar um fim de semana no interior do meu estado
Quatro dias, quatro noites que até hoje são lembrados
Eu parecia um rei do jeito que fui tratado
Eu passei horas contentes só havia ali presente gente boa do meu lado
Lá no rancho dos ipês onde fiquei hospedado
É um recanto de beleza é um jardim encantado
Os ipês quando florescem tudo ali fica dourado
Parece um céu na terra que por Deus foi preparado
Neste céu o que mais brilha são garrotes e novilhas pelos campos esparramados
A bonita Ichaporã fica logo ali pegado
É a terra dos Gonçalves que caiu no meu agrado
O Joãozinho e o Zezinho dois negociantes de gado
Seu Luiz é o pai dos moços um senhor considerado
A famÃlia tem talento, tem milhões em movimento fora o capital parado
Para o rancho dos ipês um dia quero voltar
Rever muita gente boa a saudade eu vou matar
A minha esperança é verde eu não deixo madurar
Mais tarde ou mais cedo de novo vou visitar
Amigo Geraldo Prado vai meu abraço apertado bem antes de eu ir por lá
Baiano No Coco
Quando eu vim lá da Bahia rumo a São Paulo eu meti os peitos
Baiano veio de pau-de-arara ser pobre não é defeito
Eu vim pra ganhar dinheiro serviço eu não enjeito
Só eu tô com uma vontade de comer coco que não tem jeito
No começo foi difÃcil passei por caminho estreito
Amizade com malandro é coisa que eu não aceito
Comecei a trabalhar hoje eu vivo satisfeito
Só eu tô com uma vontade de comer coco que não tem jeito
Tudo que Deus fez por mim eu acho que foi bem feito
Tudo que eu pude fazer procurei fazer direito
Em São Paulo eu sou tratado com carinho e com respeito
Só eu tô com uma vontade de comer coco que não tem jeito
Quero rever a Bahia porque tenho esse direito
Nosso Senhor do Bonfim trago dentro do meu peito
Eu sonho com a Bahia, mas São Paulo é o meu leito
Só eu tô com uma vontade de comer coco que não tem jeito
Oswaldo Cintra
Ai eu sou mineiro da gema de Minas vivo distantes
Estou morando em São Paulo já sou quase um bandeirante
Lá na linha noroeste onde eu passo todo instante
Cidade de Araçatuba é meu berço de viajante
Ai eu vou falar a verdade, lá tenho muita amizade
De gente boa importante ai, aiÂ
Ai cidade de Araçatuba o seu progresso não mente
É a capital do asfalto é uma verdade patente
Dentro da sua razão, lá existe homem valente
As mulheres são sinceras e as meninas são descente
Ai a juventude sadia estudando noite e dia
Pra um futuro sorridente ai, ai
Ai o senhor Oswaldo Cintra fazendeiro da região
Sua fazenda é um palácio sincera comparação
Homem que veio do nada e ninguém lhe deu a mão
Lutando honestamente foi ganhando posição
Ai a sua fortuna cresce Deus ajuda quem merece
Por ele ser bom patrão ai, ai
Ai homem que veio da luta muito tombo e muito chão
Muito arreio e muito laço, muito boi e muito peão
Na grande escola da vida ele foi aluno bom
Sem férias e sem recreio aprendeu sua lição
Ai ele veio da pobreza transformando em riqueza
Os seus tombos no sertão ai, ai
Ai o senhor Oswaldo Cintra e seu filhinho Marquinho
E o doutor Ubiratan do seu Oswaldo é sobrinho
FamÃlia de gente boa é flor que não tem espinho
Falo bem de quem merece abraçado neste pinho
Ai eu me despeço cantando adeus vou me retirando
Pra chorar lá no caminho
Pai João
Caminheiros que passar naquela estrada
Vê uma cruz abandonada como quem vai pro sertão
Há muitos anos neste chão foi sepultado
Um preto velho e erado por nome de Pai João
Pai João na fazenda dos coqueiros
Foi destemido carreiro querido do seu patrão
Sua boiada o Chibante e o Brioso
Nos morros mais perigosos arrastava o carretão
Numa tarde Pai João não esperava
Que a morte lhe rondava lá na curva do areião
E numa queda embaixo do carro caiu
Do mundo se despediu preto velho Pai João
Caminheiro aquela cruz do caminho
Já contei tudo certinho a história do Pai João
Resta saudade daquele tempo que foi
Do velho carro de boi no fundo do mangueirão
Moreninha Cor De Jambo
Moreninha cor de jambo da cintura fina faces cor de rosa
Encosta seu rosto no meu quero um beijo dos seus não seja vergonhosa
Venha matar meu desejo meu bem só um beijo não faz mal nenhum
Todos que são namorados já foram beijados isso é coisa comum
Já tive muitas garotas, mas pra mim foi poucas que eu senti paixão
Mas hoje tu podes crer que somente você que manda em meu coração
O teu pai é valentão e eu sou de opinião comigo ela não pode
Hoje vou no seu portão quero ver o velhão retorcer o bigode
Se você me quiser bem eu te quero também por que sou amoroso
No dia em que eu não te vejo porque não te beijo então fico nervoso
Você nasceu para mim, mas a felicidade foi pra nós dois
Quando nós tiver casados nós fica enjoado de beijar depois
Novo Amor
Nestes versos tão tristes que eu canto
Só você que pode compreender
É dum sonho que eu trago guardadoÂ
Do tempo passado eu não posso esquecer
Seu retrato em minha companhia
Só ele que pode me valerÂ
Eu namoro com outra, mas contra a vontade
Mas pra confessar a verdadeÂ
Só vou te esquecer depois que morrer
Se deito na cama não durmo
Tenho fome e não posso comer
Se durmo eu sonho contigoÂ
Parece um castigo minha vida é sofrer
Quando acordo me vejo sozinho
Eu espero o dia amanhecerÂ
Passo a mão na viola e saio pro terreiro
Todo dia eu canto primeiro
Esta valsa-canção que eu fiz pra você
Que desprezo você me dá
Você não tem dó de quem quer te amar
Não faz mal, não faz mal
Algum dia hei de te ver chorar
Certo dia passando na rua
De repente uma voz me chamou
Dei meu nome neste momentoÂ
Pro seu casamento ela me convidou
Respondi com meu peito magoado
Fiz de tudo, mas nada adiantouÂ
Vou levar a minha vida cantando e bebendoÂ
Pouco a pouco eu vou morrendo
E você vai vivendo com seu novo amorÂ
Ditado Sertanejo
No lugar que canta galo de certo que mora gente
Que é muito bonito é lindo, que é muito feio é indecente
A água parada é poço, riacho é água corrente
Toda briga de mulher o que faz é a lÃngua quente
Onde tem moça bonita de certo que tem namoro
Onde tem mulher baixinha tem arrelia e desaforo
Mistura sogra com nora pode ver que ali sai choro
Na vila que tem polÃcia banho de pau d’água é coro
Amor de mulher rusguenta catinga, jaracataca
Doença de rico é gripe doença do pobre é ressaca
Dança de rico é baile, dança de pobre é fuzarca
O rico educa na escola o pobre educa no tapa
O que agrada moça é carinho, o que agrada velho é café
O homem que fala fino, não é homem nem mulher
A mulher que fala grosso ninguém não sabe o que é
O lar que não crê em Deus quem domina é o Lúcifer
O que faz sapo pular tem que ser necessidade
Pessoas que falam muito nem todos dizem a verdade
Com tempo a flor perde a cor e nós perde a mocidade
O janeiro traz velhice e a velhice traz saudade
Saudade
Saudade palavra rica que martiriza e fica dentro de um coração
Da felicidade morta que a saudade conforta trazida deu ma paixão
Saudade eu tenho de alguém uma saudade que vem de uma distância sem fim
Será que ela também na falta de um outro alguém sente saudades de mim
Eu vivo sempre pensando meus olhos vivem chorando não tenho felicidade
Estou morrendo aos poucos o que me deixa mais louco é a maldita saudade
Pagode
Morena bonita dos dentes aberto vai no pagode o barulho é certo
Não me namore tão descoberto que eu sou casado, mas não sou certo
Modelo de agora é muito esquisito e essas mocinhas mostrando os cambitos
Com as canelas lisas que nem palmito as moças de hoje eu não facilito
Eu com a minha mulher fizemos combinação eu vou no pagode ela não vai não
No sábado passado fui ela ficou no sábado que vem ela fica eu vou
Canto moda dos amigos pro meu gasto eu também faço na viola eu tenho desembaraço
É coisa que eu acho feio violeiro querer abater, mas não fazem moda mandam fazerÂ
No batido do pagode ninguém faz o que eu faço nos tá por cima eles tão por baixo
Tem uns violeiros em São Paulo vivem fazendo rotina eles tão por baixo nós tá por cima
Jogador De Baralho
Conheci um moço pobre honrado e trabalhador
Foi nascido e foi criado numa vila de interior
Veio para capital estudar pra ser doutor
Levado por maus amigos deu um grande jogador
Deixou o estudo e o trabalho com as cartas do baralho ganhou riqueza e valor
Casou com uma moça rica redobrou sua alegria
Na sua rica mansão tinha tudo o que queria
Dominado pelo vÃcio toda noite ele saÃa
No cassino onde jogava só ganhava e não perdia
Enquanto o tempo passava sua riqueza aumentava do jogo não desistia
Mas tudo que vem ao mundo traz sua sina marcada
Numa noite ele jogou sua última parada
Se perdia uma partida a outra era dobrada
Foi jogando e foi perdendo chegou a ficar sem nada
Numa última defesa pôs a aliança na mesa jogou a mulher amada
Sua esposa quando soube o que tinha acontecido
Pra não se entregar à outro que não era seu marido
Fui embora pelo mundo com o coração ferido
Quem ganhou não levou ela, mas o lar foi destruÃdo
O jogador em desespero sem mulher e sem dinheiroÂ
Transformou-se num perdido
Aquela rica mansão era igual a um céu abertoÂ
Hoje está tão solitária só tem tristeza por perto
O jogo dá e também tira é um ditado muito certo
Aos amigos do baralho neste verso eu alerto
Quem se julga invencÃvel por mais que parece incrÃvel
Encontra um mais esperto
Mariquinha
Oh Mariquinho daqui você não sai
Oh mariquinha do forro você não vai
Oh Mariquinho daqui você não sai
Oh mariquinha do forro você não vai
No forró eu largo brasa todo mundo balanceia
Quando apaga o lampião é que a coisa fica feia
Que tem mulher no forró ta com a pulga atrás da orelha
Aproveita a escuridão pra beliscar mulher alheia
Oh Mariquinho daqui você não sai
Oh mariquinha do forro você não vai
Oh Mariquinho daqui você não sai
Oh mariquinha do forro você não vai
Gosto muito de um forró, mas não levo a Mariquinha
No meio da escuridão homem certo perde a linha
No outro forró que eu fui belisquei minha vizinha
Belisco mulher dos outros por isso não levo a minha
Oh Mariquinho daqui você não sai
Oh mariquinha do forro você não vai
Oh Mariquinho daqui você não sai
Oh mariquinha do forro você não vai
A Mariquinha não indo ninguém mais me atrapalha
To de olho nas mulheres que nem onça de tocaia
Eu vou pro forró sozinho não levo rabo de saia
Nunca fui burro de carga não sei carregar cangalha
Fundanga
Bota fogo na fundaga tira esse mal de mim
Fumaça benta que sobe traz o meu amor pra mim
Um dia desse eu briguei com a minha namorada
Tem gente queimando vela pra roubar a minha amada
Feiticeiro trabalhou até alta madrugada
Encontrei o seu lencinho jogado de madrugada
Oi na fundanga...
Coitadinha sofre tanto não esquece um só momento
Se eu perder os seus carinhos vai dobrar meu sofrimento
Feiticeiros querem ver fim do nosso casamento
Sofre eu e sofre ela é grande o padecimento
Oi na fundanga...
Bota fogo na fundanga tira esse mal de mim
Fumaça benta que sobe traz o meu amor pra mim
Qualquer dia vou baixar naquela famosa aldeia
Quero dar tantas pancadas que os caboclos desnorteia
E o bando de feiticeiro eu vou cortar de correia
Depois quero que a polÃcia levem todos pra cadeia
Oi na fundanga...
Esta luta eu não perco vou com Deus no coração
Tenho fé no meu São Jorge, Pai Canário e Pai João
Vou tirar o meu amor dessa grande confusão
E colocar aliança no dedo da sua mão
Oi na fundanga...
Músicas do álbum Rancho Dos Ipês (CHANTECLER CH 3172) - (1967)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Rancho Dos Ipês | Lourival Dos Santos / Tião Carreiro | Pagode |
Baiano No Côco | Moacyr Dos Santos / Vaqueirinho | Pagode |
Oswaldo Cintra | Tião Carreiro / Lourival Dos Santos | Moda De Viola |
Pai João | Zé Carreiro / Tião Carreiro | Toada Balanço |
Moreninha Cor De Jambo | Tião Carreiro / Pardinho | Corta Jaca |
Novo Amor | Retrato / Retróis | Corta Jaca |
Ditado Sertanejo | Carreirinho / Guimarães De Faria | Corta Jaca |
Saudade | Tião Carreiro / Zé Matão | Rancheira |
Pagode | Tião Carreiro / Carreirinho | Pagode |
Jogador De Baralho | Quintino Elizeu / Sulino | Cururu |
Mariquinha | Quintino Elizeu / Moacyr Dos Santos | Corta Jaca |
Fundanga | Moacyr Dos Santos / Zé Claudino | Balanço |