Obrigado A Matar (SERTANEJO S 17038) - (1965) - Tonico e Tinoco

Obrigado A Matar
Há muitos e muitos anos 
Pelos campos de Goiás
Aconteceu esta história 
Que eu agora vou contar

Ele tornou assassino
E sumiu pelo sertão
Pra defender em menino
Sua mãe e seu irmão

Sua vida foi lutar
Pelas estradas sem luz
Foi obrigado a matar
Sempre na sombra da cruz

Vagando por outras terras
Deixando seu companheiro
Ele viveu pela serra
Deste sertão brasileiro

Encontrando só na morte
Com seu legítimo irmão
Cumprindo a triste sorte
Ele morreu no sertão

Canta, Peão
Boiadeiro quando parte
Viajando de sul a norte
Combatendo com uma saudade
Ô peão, na batalha do transporte
Oi, oi, canta, peão, na batalha do transporte 

Boiadeiro quando canta 
Tá chegando na pousada 
Repica triste o berrante
Ô peão, no estouro da boiada
Oi, oi, canta, peão, no estouro da boiada 

Boiadeiro quando canta
A boiada lá está à venda
E vamos ver nossos filhos
ô peão, que ficou lá na fazenda
Oi, oi, canta, peão, que ficou lá na fazenda 

Boiadeiro também reza 
Pra Senhora Aparecida 
Abraçado com a cabocla 
Ô peão, na hora da despedida
Oi, oi, reza, peão, pra Senhora Aparecida 

Sertão Do Pé De Ipê
Era bom viver na roça, lá bem longe do rumor
Num ranchinho entre os galho, tudo coberto de flor
Os passarinhos cantavam a melodia do amor
Naquele campo enfeitado que a natureza pintou

No sertão era alegria tudo era bom viver
À tarde o sol despedia o luar no amanhecer
O roceiro levantava pra cuidar no que fazer
Com o cigarro de paia completava o seu prazer

Agora tá diferente até a cabocla mudou
A estrada boiadeira em asfalto transformou
O monjolo tá quebrado o carro de boi parou
E só ficou a saudade daquele sertão de flor

Viola, minha viola, conhece meu padecer
É a mesma fandangueira fez catira amanhecer
Recordando do passado eu abraço com você
Chorando junto a saudade do sertão do pé de ipê

Rei Do Laço
Companheirada não sou bandoleiro
Isto é meu jeito não é convencimento
Eu só proseio com a moreninha
Ai, se o velho dá o consentimento
Por essas bandas sou desconhecido
Me dá licença que eu já me apresento

Sou boiadeiro bem desde pequeno
Levanto cedo e montou no baio
Meu ponche verde rebate o sereno
Subo a campina derrubando orvalho
Eu sou peão do regime antigo
Pro meus amigos nunca dei trabalho

Não tenho vício não gosto de jogo
Não levo insultou nem passo em atalho
Por uma moça já cerramos fogo
Foi num fandango e derrubamos o assoalho
Tenho inimigo mais não tenho mágoa
Não bebo água que roda o cascalho

Sou boiadeiro venho lá da serra
De outras bandas lá de Piedade
Não é insultou que eu arrasto a espora
Isso é mania da minha vaidade
Sou conhecido como rei do laço
Por onde eu passo deixo uma saudade

Desafio
Vou cantar esse meu verso só para ver no que dá
Cantado da sua marca se encontra em qualquer lugar

Eu sou cantador e peão, já nasci de bota e espora
Montou em chucro pulando e burro que vem de fora 
Pau podre não dá cavaco, desgraça pouca é desordem 
É certo aquele ditado cachorro latiu não morde 
 
Esse cachorro não morde porque tem um dente
Quebrou mordendo no casco da égua da tua avó 
 
A égua da minha avó nem da cocheira não sai 
Por isso ando montado no cavalo do teu pai 
 
O cavalo do meu pai derruba qualquer peão
Andei picando de espora o burro do teu irmão
 
No teu verso eu conheço tua laia, teus parente 
Só fala em sua família, é filho de boa gente 
 
Sou filho de boa gente, sou filho de boa gente 

Recordação
Eu amo a noite solitária e triste
Sozinho eu canto na deserta rua
Duma saudade que comigo existe
Também chora triste a companheira lua

Esta viola que me traz lembrança
Desde criança conhece meus ais
Triste verdade um coração que chora
De quem foi-se embora e não volta mais

Para esquecer meu triste passado
Só a teu lado esqueço a grande dor
Juro a vingança o coração ferido
Daquele assassino do meu grande amor

O meu amor enxugue teu pranto
Não chore tanto a quem longe está
Deixa o passado já sem esperança
Pois jurou vingança só por te amar

Bandeireiro Do Divino
Bandeireiro que vai, bandeireiro que vem
Pro meu lar vem trazer a benção
A bênção que me traz, do Divino a paz
Que alegra nosso coração
Que alegra nosso coração, ai, ai

O Divino chegou todo mundo beijou
Com respeito e humildade
E pedindo oração que proteja o sertão
Abençoe toda a humanidade
Abençoe toda a humanidade, ai, ai

Diga lá quem quiser gente boa e de fé
É o romeiro lá do meu sertão
Criancinha e mulher corta légua de a pé
Pro Divino fazer louvação
Pro Divino fazer louvação, ai, ai 

Pois eu quero voltar para sempre morar
No sertão que ficou tão além
Assistir à festança, o terço e a dança
Que na cidade não tem
Que na cidade não tem, ai, ai 

Gaúcho Guapo
Pare o fole gaiteiro 
Eu quero me apresentar
Meu nome é Lenço Branco 
Por lenço branco sempre usar 
Para enxugar neblina 
Os olhos da China quando chorar 

Quando danço a rancheira 
Eu gosto mais que rodeio 
Espora bate o compasso 
Levanto o braço dando galeio 
Abraço a gauchita 
Na chimarrita danço no meio

Fui criado no pampa 
Ao sopro do minuano 
Tenho sangue de farrapo 
Gaúcho guapo forte vaqueano 
Eu só deixo lembrança 
Em toda as estâncias que eu vou passando

O Cego
Um cego pela cidade 
Implorando a caridade
Um menino e uma viola
Aquele pobre ceguinho
Guiado pelo netinho
Cantava e pedia esmola
 
Os dois sorrindo cantava
E todos que perguntava
Por que está alegre, ceguinho
O pobre cego sorria
É que eu vejo a luz do dia
Nos olhos do meu netinho

Um dia morre o netinho
O cego ficou sozinho
O seu guia foi-se embora
Não tem mais quem lhe consola
O cego só pede esmola
Invés de cantar ele chora

Marcado pelo destino
A morte levou o menino
O cego ficou sem luz
Mas ele sente os passinhos
Que não é do seu netinho
É do Menino Jesus

Saudade Da Estância
Da minha querência eu vivi saudoso 
Revejo a coxilha em sonho ditoso 
Parece que escuto o ponteiro garboso 
O grito do aboio ao meu boi barroso 

Nem tudo na vida a gente advinha 
Não dei importância na sorte que eu tinha
Fui rei lá na estância não quis ter rainha
E disse o adeus para gauchinha

Fiz pouco dos guascas amigos de infância 
Troquei a bombacha por falsa elegância 
No entanto o castigo da minha arrogância 
É a dor que se chama saudade da estância
Adeus estância da mocidade 
Não fosse distância meu bem querer
Não tinha saudade 

Peão Mineiro
Sou peão mineiro lá de Centralina
Conheço o Rio Grande e Santa Catarina
Compro em Mato Grosso boiada fina
Vendo em Curitiba recebo em Londrina

Eu vendo em São Paulo compro gado em Minas
Meu baio tostado com trança na crina
É mestre na lida o rei das campinas
Quem não for peão meu burrão ensina

Eu tenho fazenda em Adamantina
Eu sempre viajo praquelas campina
Atravesso fronteira cortando neblina
Quando sobra tempo vou ver a menina

Eu nasci peão, pois é minha sina
Não tenho rabicho ninguém me domina
Eu gosto do mundo porque ele me ensina
Eu sempre começo onde os outros terminam

Prece Do Roceiro
Quando anoitece lá no sertão
Faço uma prece em meu coração
Lá na igrejinha ao morrer dia
O sino dobra Ave Maria

Ave Maria da minha roça
Dai proteção a minha palhoça
Lá na igrejinha ao morrer dia
O sino dobra Ave Maria!

Rio canta alegre descendo a serra
Lá no horizonte o céu beija a terra
Lá na igrejinha ao morrer dia
O sino dobra Ave Maria

Ave Maria da minha roça
Dai proteção a minha palhoça
Lá na igrejinha, ao morrer dia
O sino dobra Ave Maria

Músicas do álbum Obrigado A Matar (SERTANEJO S 17038) - (1965)

Nome Compositor Ritmo
Obrigado A Matar Tonico / Tinoco / Eduardo Liorente Toada Balanço
Canta, Peão Tonico / Tinoco Cateretê
Sertão Do Pé De Ipê Tonico / Tinoco / Luiz Pedro De Araujo Moda De Viola
Rei Do Laço Tonico / Tinoco Xote
Desafio Tonico Cururu
Recordação Tonico Toada
Trilha Sonora Do Filme Tonico / Tinoco
Bandeireiro Do Divino Teddy Vieira Folia De Reis
Gaúcho Guapo Tonico / Anacleto Rosa Júnior Valsa
O Cego Tonico / Arlindo Souza Toada
Saudade Da Estância Capitão Furtado Toada
Peão Mineiro Tonico / Carlito Rasqueado
Prece Do Roceiro Goianinho / Serrinha Valsa
Trilha Sonora Do Filme Tonico / Tinoco
Compartilhe essa página
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por João Vilarim