Rancho De Palha (CHANTECLER CH 3139) - (1966) - Tonico e Tinoco
Rancho De Palha
Vida feliz da roça quer de noite, quer de diaÂ
Do roçado a velha choça onde tudo é poesiaÂ
O caboclo sertanejo repica a viola e o violãoÂ
Cantando lindos solfejos as modinhas do sertãoÂ
Caboclo roceiro vive no sertãoÂ
Com mulher e filho, suas criação
A roça de milho, o seu alazãoÂ
Seu ranchinho novo pra lá do espigãoÂ
Domingo e dia Santo vai no catiraÂ
Disfarçando a mágoa na viola caipira
As modas é bonitas que o povo admiraÂ
O verso é saudoso a morena suspira
Nos dias de chuva o riacho espalhaÂ
Vai na pescaria quando não trabalhaÂ
Acende seu pito e nada atrapalhaÂ
Caboclo é feliz no seu rancho de palha
O Brasil caboclo tem a linda cena
As tardes são preces, a noite é poemaÂ
O luar de prata, as manhãs serenasÂ
Tudo é poesia cabocla morenaÂ
Adeus Mariana
Nasci lá na cidade me casei na serraÂ
Com minha Mariana moça lá de foraÂ
Um dia estranhei o carinho delaÂ
Disse adeus Mariana que eu já vou-me emboraÂ
É gaúcha de verdade de Quatro CostadoÂ
Ela usa chapéu grande bombacha, esporaÂ
Eu que tava vendo um caso complicadoÂ
Disse adeus Mariana que eu já vou-me emboraÂ
Nem bem rompeu o dia me tirou da camaÂ
Encilhou o tordilho e saiu campo aforaÂ
Eu fiquei danado e sai dizendoÂ
Adeus Mariana que eu já vou-me emboraÂ
Ela não disse nada mas ficou cismandoÂ
Que era dessa vez que daria o foraÂ
Pegou açoiteira e veio contra mimÂ
Me larga Mariana que eu não vou-me emboraÂ
Ela de zangada foi quebrando tudoÂ
Pegou a minha roupa jogou porta aforaÂ
Eu fiz uma trouxa e saà dizendoÂ
Adeus Mariana que eu já vou-me embora
Tudo Tem No Sertão
Ai pra cantar essa modinha
Fazendo comparação, ai, ai
O cantar dos passarinhos
Que alegria do Sertão,ai, ai
Aqui no bairro aonde eu moro é um lugar de muita alegria
Eu escuto o cantar dos pássaros quando tava clareando o dia
A perdiz pia no campo e a codorninha assobia
As arvoradas do galo era o que mais me entristecia
Faz me lembrar dos amores que abandonado vivia
O trinar das arapongas quando chega de tardezinha
A piada dos inhambus no inverno de manhãzinha
Como é lindo os canarinhos revoada canta a andorinha
A juruti canta triste quando ela tá sozinha
O caboclo apaixonado chora na sua violinha
O cantar dos passarinhos de tudo me faz lembrar
As melodia sonora, e o canto do sabiá
Todos os pássaros me advertem rouxinol me faz chorar
Naquelas campinas verde aqui no nosso arraial
Naquelas matas sombrias canta e dança o tangará
Ai também canta a cigarra, ai nas tardes de calor
Que canta tão tristemente e enche um coração de dor
Quem vive no seu ranchinho tão longe do seu amor
Com tudo ele se apaixona e contempla com rigor
Cantando a sua modinha pra disfarçar sua dor
Coco No Ceará
Olha o coco lá do CearáÂ
Olha o coco lá das AlagoaÂ
Olha o coco catolé do campoÂ
Quer da nossa terraÂ
Que é de gente boa
Companheiro tá cantando
Só pra ver a festa animarÂ
A morena tá sambandoÂ
O coco do ceará
Olha o coco lá do CearáÂ
Olha o coco lá das AlagoaÂ
Olha o coco catolé do campoÂ
Quer da nossa terraÂ
Que é de gente boa
Voltamos só pra semanaÂ
Na cidade de São SalvadorÂ
Pra ver Maria BaianaÂ
Que há tempo foi o meu amor
Olha o coco lá do CearáÂ
Olha o coco lá das AlagoaÂ
Olha o coco catolé do campoÂ
Quer da nossa terraÂ
Que é de gente boa
Ai eu vim embora chorando
No norte eu quero voltar
Pra ver Maria sambandoÂ
O coco do Ceará
Presépio
Glória a Deus lá nas alturas, protegei a humanidade
Derramai Vossa benção, homem de boa vontade
É o povo que entoa o hino a Deus Menino, JesusÂ
É os pobre que estão pedindo a Vossa divina luzÂ
Menino Jesus, vem socorrer
Estamos cansados de tanto sofrer
Justiça pra quem merece, quem arrepende o perdãoÂ
A luz para os governantes é para o bem da naçãoÂ
Não deixe faltar o trabalho, não desampare o sertãoÂ
É o povo que está pedindo aos filhos não farte o pãoÂ
Menino Jesus, vem socorrer
Estamos cansados de tanto sofrer
Nasceste na manjedoura, mas o mundo Vós conduzÂ
O poder do EspÃrito Santo é a nossa eterna luzÂ
Ajoelhado a Teus pés, no Teu presépio, JesusÂ
Nós queremos a Tua ajuda pra carregar nossa cruzÂ
Menino Jesus, vem socorrer
Estamos cansados de tanto sofrer
Curitibana
Eu vou parti ai, nesta madrugadaÂ
Ver minha namorada que mandou me chamar
Eu vou pegar minha besta ruanaÂ
Trago a curitibana que está no ParanáÂ
Adeus, adeus minha companheiradaÂ
Olhem minha boiada até quando eu voltar
Eu vou buscar a cabocla serranaÂ
Linda curitibana com quem vou me casar
Quando cheguei vendo o golpe doÃdoÂ
Ela tinha morrido para o céu foi moraÂ
Quanto chorei minha sorte tirana
Adeus, curitibana e adeus Paraná
Desengano
No alto daquela serra vi um passarinho cantando
Mais cantava muito triste me deixou eu soluçando
Fez lembrar de um passado que fiquei imaginando
Do tempo que nós se amava hoje triste desengano
Eu vivo no meu ranchinho com teu amor delirando
Escuto bater a porteira como alguém que tá chegando
Olho na curva da estrada ansioso fico esperando
Mais ninguém não aparece volto pro quarto chorando
Deito na cama e não durmo se eu durmo já tô sonhando
Que nós estamos num jardim de braço dado passeando
Por entre a linda roseira os passarinho cantando
Ai, cantava de alegria de vê nós se namorando
Acordo e vejo sozinho passo a noite soluçando
O meu suspiro embrabece no coração machucando
O galo canta e amanhecer a lua vai se apagando
Assim apagou o amor no teu coração tirano
Velhas Cartas
Antigas cartas guardadas que o tempo amarelouÂ
É lembrança do passado que no meu peito ficouÂ
Cada frase é saudade do tempo do nosso amorÂ
Hoje é um risco de tinta relendo meu pensamentoÂ
Cada letra é um suspiro que ficou no esquecimentoÂ
Resto de amor e saudade no livro do sofrimentoÂ
O mensageiro canário fechou os olhos e morreuÂ
Até a florzinha da carta o seu perfume perdeu
Só ficou a falsidade na jura que você escreveuÂ
Do nosso amor é o que resta a esperança perdidaÂ
Não vejo mais teu sorriso que alegrava minha vidaÂ
Só leio as palavras tristes da velha carta esquecidaÂ
Cavaquinho No Samba
Instrumental
Caboclo
Nunca se ria seu moço de ver um caboclo caladoÂ
Por que tudo neste mundo tem sentimento guardadoÂ
Não transforme em caçoada o viver desse coitadoÂ
E seu patrÃcio seu moço é um brasileiro apurado
Aquilo que você veste e tudo que você comeÂ
Vem das mãos desse caboclo vem do suor desse homemÂ
Que traz a sua colheita que na cidade consomeÂ
Muitas vezes pra lhe servi lá no sertão passa fomeÂ
Quando chega de tardinha volta pro rancho cansadoÂ
O sol lá traz do morro vai descendo vermelhadoÂ
Logo o brilho das estrelas espalha pro seu roçadoÂ
Este caboclo seu moço é brasileiro apuradoÂ
Não faça pouco seu moço do roceiro mal trajadoÂ
É ele mesmo na enxada que vira o chão ressecadoÂ
Aperte a sua mão grossa olhe seu rosto queimadoÂ
É seu patrÃcio seu moço o caboclo do roçado
Deixa O Samba Chorar
Oi, o samba calango, oi, veio pra sambarÂ
Nosso hino do morro, oi, ele é nacionalÂ
Nosso hino do morro, oi, ele é nacionalÂ
O violão que chora, oi, na sombra do luar
Porque o samba foi embora, oi, deixa o morro chorarÂ
Porque o samba foi embora, oi, deixa o morro chorarÂ
A morena dengosa, oi, já deixou de sambarÂ
Porque o samba foi embora, oi, deixa o morro chorarÂ
Porque o samba foi embora, oi, deixa o morro chorarÂ
Samba é brasileiro, oi, o samba é popular.Â
Tudo é passageiro, oi, volta o samba a cantarÂ
Tudo é passageiro, oi, volta o samba a cantarÂ
Tristeza Do Jeca
Nestes versos tão singelos minha bela meu amor
Pra você quero contar o meu sofrer e a minha dor
Eu sou que nem sabiá, quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele tá
Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Eu nasci naquela serra num ranchinho à beira chão
Tudo cheio de buraco aonde a lua faz clarão
Quando chega a madrugada lá no mato a passarada
Principia um barulhão
Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Lá no mato tudo é triste desde o jeito de falar
Pois o Jéca quando canta tem vontade de chorar
O choro que vai caindo de vagar vai se sumindo
Como as águas vão pro mar
Músicas do álbum Rancho De Palha (CHANTECLER CH 3139) - (1966)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Rancho De Palha | Tonico | Toada |
Adeus Mariana | Pedro Raymundo | Xote |
Tudo Tem No Sertão | Tonico / Tinoco / Nascim Filho | Moda De Viola |
Coco No Ceará | Tonico / Cotoco | Samba Caipira |
Presépio | Tonico | Toada Milonga |
Curitibana | Tinoco / Tonico / Pirigoso | Cana-verde |
Desengano | Tonico / Mariano | Moda De Viola |
Velhas Cartas | Tonico / Tinoco / Zé Paioça | Valsa |
Cavaquinho No Samba | Tonico / Tinoco / Zé Cupido | Samba Caipira |
Caboclo | Cap. BarduÃno / Anacleto Rosas Júnior | Rasqueado |
Deixa O Samba Chorar | Tonico / Tinoco / Moraes Sarmento | Samba Caipira |
Tristeza Do Jéca | Angelino De Oliveira | Toada Balanço |