Recordando O 78 (Volume 2) (DISCOLA R LPDS 32122) - (1970) - Tonico e Tinoco
Tô Chegando Agora
Tô chegando agora vim da capital
Eu senti saudade precisei voltar
Longe de você não posso ficar
Coração no peito ai pega a reclamar
Saudade, saudade, saudade me fez penar
Saudade, meu bem saudade, saudade me fez voltar
Saudade, meu bem saudade, saudade me fez voltar
Se você quiser me acompanhar
Vamos hoje mesmo lá pra capital
E se por acaso você não gostar
Nós voltamos junto, ai outra vez pra cá
Saudade, saudade, saudade me fez penar
Saudade, meu bem saudade, saudade me fez voltar
Saudade, meu bem saudade, saudade me fez voltar
Cuiabana
Quando eu foi pra Mato Grosso conheci uma cuiabana
Morena cor de canela conhecida por Mariana
Convidou com muito agrado pra chegar em sua cabana
Era a moça mais bonita ai,na festa de Santana
Eu despedi da cabocla na estrada de Aquidauana
Coração descompassou nos braço da cuiabana
Embarquei pra Noroeste segui pra Sorocabana
Sem nunca esquecer na viagem o semblante da Mariana
Eu logo mandei uma carta pra essa linda cuiabana
Que é pra nós se casar e morar em minha choupana
Eu te dou minha fazenda com cem alqueires de cana
Sou o boiadeiro mais rico em toda linha Mogiana
Eu esperei confiante a resposta da Mariana
E sua carta chegou depois de quatro semanas
Quando eu li a resposta vi quanto era desumana
Me respondeu com desprezo aquela ingrata tirana
Eu vendi tudo o que eu tinha e foi pra terra goiana
Chorando a dor da saudade no desprezo da Mariana
Depois da desilusão com a malvada cuiabana
Eu quero viver solteiro que mulher jamais me engana
Triste Também
Já fui caboclo de gosto brinquei com a felicidade
Hoje só tenho lembrança do tempo da mocidade
No lugar onde eu cantava deixava grande saudade
Agora tudo acabou já morreu minha ilusão
A cabocla que eu amava magoou meu coração
Fiquei velho aperreado na mais triste solidão
Vivo num mundo vazio nem viola não toco mais
Era o que me consolava companheira dos meus ais
Eu choro triste saudade de quem foi não volta mais
Meu ranchinho carcomido é o que está me acompanhando,
Cada minuto que passa também vai se carunchando
E sofre junto comigo da saudade e desengano
Caboclo velho padece no peito saudade tem
Do alegre tempo passado hoje não sou mais ninguém
Já fui consolo dos tristes hoje sou triste também
Violeiro Casado
Eu fui num fandango lá em Birigui
Que festa tão boa que eu me adverti
Que moças que eu inda num vi
Quando eu vim-se embora saudade eu senti
Cantei uma moda e começou a função
As moça falaram que violeiro bom
Que moda chorosa dói no coração
Quem sofre nervosa morre de paixão
Uma moreninha me chamou dum lado
Pra cantar pra ela um verso dobrado
Quando eu terminei eu fiquei avexado
Pergunto Se eu era solteiro ou casado
Eu falo a verdade que menti não sei
Sou comprometido eu já me casei
Sou um caboclo sério cumpridor da lei
Mas se houve-se jeito casava outra vez
Ela até chorou e suspiro doído
E falo pras outra baixinho no ouvido
Vou fazer promessa vou fazer um pedido
Pra arranja um violeiro pra ser meu marido
Noutro dia cedo eu pegou meu "pedreis”
Fiz a despedida mais quase fiquei
Despedi das moça na mão apertei
Fiz coração duro assim mesmo chorei
Hoje eu pego a viola e agarro a suspira
De tudo passado pego se lembra
Pros que são violeiro quero aconselhar
Namora bastante mais não se casa
Penacho
Comprei um burro tordilho pus o nome de Penacho
Com sete palmos de altura a crina dele faz cacho
Comprei todo arreamento e mandei fazer um bombacho
Quando eu saio no meu burro coração duro eu não acho
Chapéu quebrado na testa na garupa guampa e laço
Trinta e oito na cintura um par de espora de aço
Sou caboclo respeitado dinheiro carrego ao maços
Deixo coração magoado no lugar aonde eu passo
Eu compro boiada e vendo gosto da lapa dum laço
Cuiabano pegador nesse eu dou pialo por baixo
Eu me chamo Tira-Cisma e qualquer serviço eu faço
Nas horas que eu estou mais triste na viola eu me disfarço
Viajei pra Mato Grosso só cheguei no mês de março
No campo procuro atalho mas quase que eu me embaraço
Uma onça perigosa no burro quis dá um abraço
No atravessar a restinga numa tarde de mormaço
Nessa hora eu vi perdido rodei de cima do macho
Puxei depressa o revólver estourei quatro balaços
A onça deu um gemido e morreu sem dar um passo
Arrisquei a minha vida mas salvei o meu Penacho
Aniversário De Casamento
Bate o sino lá do campanário nossa festa de aniversário
Bate o sino lá do campanário nossa festa de aniversário
Com o laço feliz do amor a aliança um dia prendeu
Na capela enfeitada de flor tu estava feliz como eu
Este meu coração palpitava e batendo juntinho do seu
Mais um ano de casado festejando com grande emoção
O amor que você tem dedicado me uniu mais ao teu coração
Peço a Deus para todos os casados a sua paz da eterna união
Mais um ano passou nosso idílio sempre alegre vivemos a cantar
Neste nosso modesto ranchinho a alegria a ventura sem par
Deus mandou a herança de um filho redobrando a alegria do lar
Ingratidão
Eu peguei na pena para escrever
Lá pro meu benzinho que em Campo Grande eu deixei ficar
Coração no peito só faltou falar
Não perca seu tempo escrever pra quem vive a lhe enganar
Não acreditei quis ter a certeza
No dia seguinte pra Campo Grande eu fui parar
Onde ele mesmo veio me falar
Você veio tarde, já tenho outra no seu lugar
Ai, quanta ingratidão
Aquela malvada feriu de morte meu coração
Ai, quanta ingratidão
Aquela malvada feriu de morte meu coração
A Morte Do Doutor Laureano
Nascido na Paraíba pequeno estado do norte
Dr. Napoleão Laureano mostrou ser grande, ser forte
Atacado pelo câncer para o bem da humanidade
Destinado a triste sorte lutou contra a própria morte
Conformado com o destino tão triste a vida findou
Martirizando seu corpo sofrendo chagas de dor
Começou grande campanha, mas sozinho nos deixou
Foi estuda a Ciência Divina pra curar os sofredor
Laureano foi pra bem longe deixando grande saudade
Nome que foi no mundo como exemplo a humanidade
Deixou em nosso coração lição de fraternidade
Quem sofre pra fazer o bem tera paz na eternidade
Dia trinta e um de maio do mundo se despedia
O mártir doutor Laureano depois de grande agonia
Sua alma foi pro céu no santo mês de Maria
Seu nome fico na Terra pra nos lembra todo dia
Goiana
Ajudai meu companheiro ai, ai
Que o meu peito não alcança
E duma paixão que eu tive ai, ai
A minha voz logo cansa
Moça delicada é a flor da bonança
Mora noutro estado de minha distância
Que linda goiana ficou na lembrança
Suspiro, saudade o coração balança
Ela é fazendeira de muitas finanças
Seu jeito morena é de confiança
Tenho seu retrato guardei por lembrança
Olhos verdes claro é a cor da esperança
Corpinho elegante cabelo de trança
Parece uma praia que faz onda mansa
É que nem a rosa que o vento balança
Num galho tão alto que ninguém alcança
Teu sorriso fere pior que uma lança
Num peito judiado que já nem descansa
Quem ama de longe não mede a distância
O destino encurta, e a saudade avança
Se eu for desprezado não juro vingança
Por eu ser violeiro e por gosta de dança
Eu tenho um ditado sempre na lembrança
Quem despreza compra, e quem espera alcança
Peão De Uberaba
Matei um boi perigoso do coro tirei uma lapa
E mandei fazer um laço bem traçado por iguala
Pra pega zebu arisco só jogo o laço de pialo
Tenho meu burro ensinado treinei ele pular vala
Eu grito vamos embora ele sai abrindo ala
Quando a boiada estoura meu burro vira uma bala
Nas festas que eu vou chegando as morenas logo fala
Vou pôr meu vestido novo que ta no fundo da mala
Boiadeiro ta chegando a festa vai ser de gala
Jogo meu chapéu no canto por cima jogo meu pala
E passo a mão na viola e vou pro meio da sala
Meu revólver ta na cinta cinturão cheio de bala
Gosto de salão bem grande parecendo com senzala
Pra quando bater o pé a redondeza se abala
Fica risco de saudade onde a chilena resvala
História Da Minha Vida
Eu vou conta pra vocês o que eu na vida passei
Desde o tempo de criança quando sem pai eu fiquei
Nós morava no sertão fio mais velho era eu
Eu só tinha doze ano quando meu pai faleceu
Minha mãezinha coitada quase morreu de chorar
Nesse tempo de menino comecei a trabalhar
Quando o sol vinha nascendo eu já tava no roçado
Quando o almoço chegava de suor tava molhado
Mais depois a minha mãe resolveu de se casar
Nós ficamos abandonado todos tristes a soluça
No dia que ela casou do meu pai me fez lembrar
No coração tinha dor não pude nada falar
O malvado que levou nossa mãe do coração
Cinco fio aqui ficou tão sozinho no sertão
Peço a Deus pra me ajudar nesta triste solidão
Eu sozinho a trabalhar pra tratar dos meus irmãos
Santa Virgem lá do céu carinhosa de bondade
Cuida bem de nossa mãe que nós dela tem saudade
Jangadeiro Do Norte
Jangadeiro do norte que luta com a sorte nas ondas do mar
Sai desde madrugada na sua jangada ele vive a pescar
Quando chega a tardinha que o sol vai entrar
A mulher ta rezando na praia esperando a jangada chegar
Ela avista de longe jangadeiro a remar
Um temporal tremendo e a maré crescendo, não pôde chegar
Jangadeiro do norte que luta com a morte não pode salvar
E deixou seus filhinhos no velho ranchinho na beira do mar
Mulher do jangadeiro é jangadeira também
E lutando com a vida pra trazer comida pros filhos que tem
Jangadeiro foi embora Com a sereia do mar
Sua voz encantada levou a jangada pra não mais voltar
Msicas do lbum Recordando O 78 (Volume 2) (DISCOLA R LPDS 32122) - (1970)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Tô Chegando Agora | Mário Vieira / Joacy Rago | Cateretê |
Cuiabana | Tonico / Ado Benatti | Moda De Viola |
Triste Também | Tonico / Francisco Ribeiro | Cateretê |
Violeiro Casado | Tonico / Tinoco / Teddy Vieira | Campeira |
Penacho | Tonico / Isaltino G. Paula | Cateretê |
Aniversário De Casamento | Tonico / Nhô Crispim | Valsa |
Ingratidão | Mário Vieira | Cateretê |
A Morte Do Dr. Laureano | Tonico / Ado Benatti | Campeira |
Goiana | Tonico / Teddy Vieira | Moda De Viola |
Peão De Uberaba | Tonico / Rielinho | Cateretê |
História Da Minha Vida | Paiozinho / Salvador M. Biscardi | Toada |
Jangadeiro Do Norte | Tonico / Zé Carreiro | Toada Balanço |