Sertão Sem Poluição (CHANTECLER 211405599) - (1977) - Tonico e Tinoco

Sertão Sem Poluição
Que lindo mapa do sertão da minha roça
Do terreiro da palhoça vejo o dia clarear 
De manhãzinha que beleza até parece 
Que o sertão faz uma prece pra depois tudo cantar 

Por trás da serra lindos raios vão subindo 
É o Sol que vem sorrindo aquecendo o matagal 
O velho carro, lá na sombra da paineira
Candeeiro, abre a porteira deixa a boiada passar

A noite desce o luar logo aparece
O caboclo numa prece pedindo paz e amor
No seu ranchinho muito alegre cantarola 
No ponteio da viola agradece ao Criador

Na cidade tem o mapa tem congresso 
O barulho do progresso, poluição fazendo mal 
Lá no sertão, tem o mapa da colina 
Tem o cheiro da campina onde canta o sabiá 

Gaúcho Guapo
Pare o fole gaiteiro eu quero me apresentar
Meu nome é Lenço Branco por lenço branco, sempre usar 
Para enxugar neblina os olhos da china quando chorar 
Da china levo saudade e saudade vou levar

Quando danço a rancheira eu gosto mais que rodeio 
Espora bate o compasso levanto o braço dando galeio 
Abraço a gauchita na chimarrita, danço no meio 
Gaúcha vamos embora ai no meu pingo vermelho

Fui criado no pampa ao sopro do minuano 
O sangue de farrapo gaúcho guapo forte vaqueano 
Eu só deixo lembrança em todas as estâncias que eu vou passando
Na hora da despedida gaúcha fica chorando

Decisão Cruel
Quero ver-te novamente amor querido nos braços meus 
E morrer crucificado na cruz ardente dos braços teus
Cortar um botão de rosa que a natureza transforma em flor 
Foi assim tua partida na primavera do nosso amor

Tua decisão não compreendi essa ingratidão eu não mereci 
Diga meu amor o que foi que eu fiz para te querer e não ser feliz 

Eu pedi à Padroeira na hora triste do nosso adeus 
Merecer de novo a graça de ver meus olhos nos olhos teus 
Passa mês e passa ano e a minha vida levo a chorar 
Pois só tive desengano pela aventura de te amar

Tua decisão não compreendi essa ingratidão eu não mereci
Diga meu amor o que foi que eu fiz para te querer e não ser feliz

Cantar Não É Pecado
Canta, canta, minha gente coração tá magoado
Cantando, fica contente esquecendo do passado
Ai gauchinha deixa a tristeza de lado 
Vem cantar junto comigo que cantar não é pecado

Canta velho, canta moço canta o triste desprezado
A mocinha também canta versinhos pro namorado
Ai gauchinha deixa a tristeza de lado 
Vem cantar junto comigo que cantar não é pecado

Canta o galo no poleiro o caboclo no roçado
Coração deste violeiro tá mandando seu recado 
Ai gauchinha deixa a tristeza de lado 
Vem cantar junto comigo que cantar não é pecado

Plantando Canavial
Município de Pradópolis, terra boa de primeira 
Recanto do nosso estado era zona cafeeira
Hoje esta tudo mudado capital canavieira 
Usina de São Martinho, Cooperçucar brasileira 

O caboclo sorridente com a lei do Funrural 
É o Brasil que vai pra frente plantando canavial
 
Seu Orlando Bandeirante é doutor de medicina 
E trocou seu bisturi construiu uma grande usina 
Engenheiro Homero Arruda orienta e determina 
Doutor Luiz e Angenor matem a ordem e disciplina 

O caboclo sorridente com a lei do Funrural 
É o Brasil que vai pra frente plantando canavial

O povão vive contente esperança no olhar 
O roceiro inteligente com diploma do MOBRAL 
O progresso permanente na grande zona rural 
É um Brasil que vai pra frente plantando canavial 

O caboclo sorridente com a lei do Funrural 
É o Brasil que vai pra frente plantando canavial

Encanto Da Natureza
Tu que não tiveste a felicidade, deixa a cidade e vem conhecer 
Meu sertão querido meu reino encantado meu berço adorado que me viu nascer 
Venha mais depressa não fique pensando estou te esperando para te mostrar 
Vou mostrar o lindo rio de águas claras a beleza rara do nosso luar 

Quando a lua nasce por trás da mata fica cor da prata a imensidão 
Então fico horas e hora olhando a lua banhando lá no ribeirão
Muito não se importa com este luar nem lembra de olhar o luar da serra
Mas estes não vivem são seres humano que estão vegetando em cima da terra 

Quando a lua esconde, logo rompe a aurora vou dizer agora do amanhecer 
Raio vermelhado risca horizonte o sol lá no monte começa a nasce 
Lá na mata canta toda a passarada e lá na palhada pia o xororó 
O rei do terreiro abre a garganta, bate asa e canta em cima do paio

Quando o sol esquenta canta a cigarra grande algazarra na beira da estrada 
Linda borboleta de variadas cor vêm beijar as flores já desabrochada 
Este pedacinho de chão encantado foi abençoado por Nosso Senhor 
Que nunca nos deixe faltar no sertão saúde e união, a paz e o amor

Chão De Goiás
Adeus morena eu vou pro lado que o vento vai 
Amanhã muito cedinho peço a benção do meu pai 
Me fizeram judiação é coisa que não se faz 
Adeus morena eu vou, adeus eu vou pro sertão de Goiás 

Na passagem da porteira quem achar um lenço é meu
Que me caiu da algibeira, ai, ai do pulo que o macho deu
Adeus morena eu vou pro lado que o vento vai
Amanhã muito cedinho peço a benção do meu pai
Me fizeram judiação é coisa que não se faz
Adeus morena eu vou, adeus eu vou pro sertão de Goiás

Quando de ti me apartei no Riacho da Alegria
Tanto meu olhos choravam, ai, ai, como o riacho corria
Adeus morena eu vou pro lado que o vento vai
Amanhã muito cedinho peço a benção do meu pai
Me fizeram judiação é coisa que não se faz
Adeus morena eu vou, adeus eu vou pro sertão de Goiás

Quem Foi Rei
Quem foi rei é majestade passe o tempo que passar 
Tem o rei da liberdade até o dia que casar 
Coração rei da saudade qualquer tempo quer reinar ai, ai 
Quem falar no rei da bola a gente lembra Pelé 
Caboclo rei da viola, o Brasil rei do café 
Violeiro sendo jeitoso é sempre o rei das mulheres ai, ai 

A onde tem batucada se encontra gente boa 
Onde tem rei da viola a moda não desentoa 
Reinado que existe rei tem rainha e tem coroa ai, ai 

Conheço todo o reinado, rei do laço e rei do peão 
Rei dos pampas e rei do gado caboclo rei do sertão 
Tem o rei da humildade pai de toda geração ai, ai

Eu Penso Em Ti
Quando a tarde morrer no horizonte 
E a noite cobrir com seu véu 
Quando a lua surgir no horizonte 
Clareando o negrume do céu
Eu penso em ti amor, somente em ti 
Eu chamo por ti amor, somente por ti 

Quando a noite findar calma e fria 
E o vento fizer serenata 
Quando ao longe raiar novo dia 
E o sol pratear sobre a mata 
Eu penso em ti amor somente em ti 
Eu chamo por ti amor somente por ti 

No outono, inverno e verão 
Na primavera florida
Na alegria e na solidão 
Em todos os momentos da vida
Eu penso em ti amor somente em ti 
Eu chamo por ti amor somente por ti 

Boiadeiro Punho De Aço
Me criei em Mato Grosso laçando boi e dando repasso 
Meu velho pai na lida de boi desde pequeno guiou os meu passo 
Meu filho o mundo é uma estrada cheia de atalho e muito embaraço 
Mas se você for bom no cipó na vida nunca terá fracasso 

Com vinte anos eu parti foi na comitiva do seu Inácio 
Senti um nó me apertar a garganta quando o meu pai me deu um abraço 
Meu filho Deus lhe acompanhe são esses os votos que eu lhe faço 
E como prêmio do seu talento lhe presenteio com este laço 

Por este Brasil afora fiz como a nuvem vagando espaço 
Varei sertão conhecendo terra sempre ganhando dinheiro ao maço
Meu cipó entre rodilha cobrindo a anca do meu Picasso 
E foi o que garantiu o nome de boiadeiro punho de aço 

De volta da minha terra naquela noite grande mormaço 
Encontrei uma boiada grande cortando o rio vinha passo a passo 
Um grito de boiadeiro pediu socorro cortando espaço 
Eu vi um peão que estava rodando saltei no rio com o meu Picasso 

A correnteza era forte tirei o cipó da chincha do macho 
E pelo escuro ainda consegui laçar o peão por um do seus braços 
Puxei na beira do rio o meu coração se fez em pedaço 
Foi o milagre que Deus mandou salvei meu pai com seu próprio laço

Minha Mágoa
Eu gostaria oh, meu grande amor 
Que tu gostasse um pouquinho de mim 
Assim meus olhos não mais chorariam 
E minha mágoa chegaria ao fim 

Venha depressa que aqui te espero 
Venha acalmar a grande dor que eu sinto 
Por que te amo, te amo demais 
Creia em mim, é verdade, não minto 

Por que viver assim como eu vivo 
Sempre sofrendo sem o teu amor 
Acabaria morrendo aos poucos 
Não suportando essa grande dor 
Venha depressa que aqui te espero 
Venha acalmar a grande dor que eu sinto 
Por que te amo, te amo demais 
Creia em mim é verdade, não minto 

Burro Picaço
Comprei um burro picaço de três ano mais ou menos
Na hora de dá o recibo o tropeiro foi dizendo 
Cuidado com esse macho esse bicho tem fama de ser perigoso
Por ter matado peão o nome do burro ficou criminoso 

Joguei o lombilho no burro o macho se estremeceu 
Apertei a barrigueira o meu burro se encolheu 
Sentei em riba do couro o povo de perto de medo correu 
Mas qual o que minha gente pagão que me agüente ainda não nasceu 

Tosei a crina do burro na sistema meia-lua 
Pra cortar uma légua e meia meu criminoso nem sua 
Pra varar uma canteira passar uma porteira corrida ele voa 
Sai fogo de todo lado no passo picado na pedra da lua 
 
Eu já vi burro ligeiro, mas igual esse inda não 
Enjeitei cinco pacote do filho do meu patrão 
Gosto muito de dinheiro cinco mil cruzeiros não leva o machão 
Pra falar mesmo a verdade não existe riqueza que compre o burrão

Músicas do álbum Sertão Sem Poluição (CHANTECLER 211405599) - (1977)

Nome Compositor Ritmo
Sertão Sem Poluição Manito / Ariston De Oliveira Toada
Gaúcho Guapo Tonico / Anacleto Rosas Júnior Xote
Decisão Cruel Palmeira Rasqueado
Cantar Não É Pecado Motinha / Tonico Vanerão
Plantando Canavial Tonico / Tinoco Moda De Viola
Encanto Da Natureza Luiz De Castro / Tião Carreiro Rasqueado
Chão De Goiás Raul Torres Rancheira
Quem Foi Rei Miramar / Tonico Pagode
Eu Penso Em Ti Pedro Bento / Celinho Rancheira
Boiadeiro Punho De Aço Teddy Vieira / Pereira Moda De Viola
Minha Mágoa Letinho Rasqueado
Burro Picaço Anacleto Rosas Júnior Campeira
Compartilhe essa página
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por João Vilarim